VIENA, ÁUSTRIA: CIDADE COM A MELHOR QUALIDADE DE VIDA (CRÔNICA DO ARQUITETO NILSON COELHO)
Arquiteto Nilson Coelho
Em 2025, Viena foi novamente reconhecida como a cidade com a melhor qualidade de vida, segundo o Mercer Quality of Living Ranking. Este reconhecimento se deve a uma combinação de fatores que incluem uma infraestrutura eficiente, um sistema de saúde de alta qualidade e um ambiente seguro.
Todos os anos, o índice de habitabilidade da revista "The Economist" aponta Viena como "a melhor cidade do mundo para se viver".
E todos os anos, a revista omite que isso é resultado direto das políticas socialistas implementadas durante o período da "Viena Vermelha".
Entre 1918 e 1934, Viena foi governada pelo Partido Social-Democrata Operário da Áustria e serviu como um grande laboratório do austromarxismo.
Durante esse período, o governo vienense conduziu profundas reformas sociais, políticas e urbanísticas. Expandiu os sistemas de educação e saúde, investiu pesado em transporte público e saneamento básico. O número de escolas foi quintuplicado em duas décadas. A rede hospitalar triplicou.
O investimento mais importante, no entanto, foram as habitações sociais. O governo de Viena construiu centenas de milhares de unidades habitacionais e instituiu um rígido código facilitando a desapropriação de imóveis inutilizados.
O resultado é que hoje 60% da população de Viena mora em habitações públicas - edifícios que pertencem ao governo da cidade - ou em moradias subsidiadas pelo Estado.
O governo de Viena é dono de mais da metade de todas as moradias da cidade. A presença maciça do poder público na estrutura imobiliária limitou a ação dos especuladores e permitiu um desenvolvimento mais harmônico e planejado dos bairros residenciais - além de ter resultado na preservação de grandes áreas verdes e na ausência de guetos e subúrbios degradados.