Campeão estadual em 24 oportunidades, o Vasco não sabe o que é decidir o Campeonato Carioca desde 2019. São cinco anos de altos, baixos e problemas no futebol que tornaram o insucesso local um fato até pequeno diante do panorama geral. Mas a situação, que agora é completamente diferente no cruz-maltino, pode seguir mudando a partir de hoje: com mais de 60 mil ingressos vendidos, o Vasco enfrenta o Nova Iguaçu, às 18h30, no primeiro jogo da semifinal, no Maracanã, em meio a uma dose significativa de otimismo.
Segundo colocado na Taça Guanabara e vivendo uma das melhores temporadas de sua história, o Laranjão da Baixada tem a vantagem do empate e venceu o Vasco (2 a 0) no primeiro encontro entre as equipes — único revés cruz-maltino no Estadual. Mas deve enfrentar um cenário duríssimo hoje.
O Vasco vem de um susto na Copa do Brasil, num jogo em que chegou a levar a virada do Água Santa-SP, empatou e arrastou a decisão para a disputa de pênaltis. O auxiliar técnico Emiliano Díaz já avisou que essa não pode ser a regra na equipe.
— Em outro Vasco, com outra mentalidade, poderíamos comemorar. Mas não gostamos de ganhar assim. Fizemos muito para ganhar de outra forma — analisou na quinta-feira.
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Na última vez em que foi à final do Estadual, o cruz-maltino vivia um cenário de fragilidade financeira. Comandada por Alberto Valentim, a equipe tinha como destaques Maxi López, Yago Pikachu, Marrony, Fernando Miguel, Bruno César e Leandro Castan.
Na decisão, encarou um Flamengo que viveria um ano de conquistas do Brasileiro e da Libertadores. Não fez frente e levou 2 a 0 nas duas partidas da decisão. Valentim foi demitido logo após o fim do campeonato. Naquela temporada, o Vasco chegou a ficar ameaçado de rebaixamento, mas Vanderlei Luxemburgo ajudou o time a engatar uma campanha de recuperação.
Entre 2019 e 2024, o cruz-maltino esteve por duas vezes na Série B e amargou crises financeira e estrutural. No Estadual, ficou fora das semis em 2020 e 2021 e foi eliminado pelo rubro-negro nessa fase em 2022 e 2023.
Esse “outro Vasco”, como citou Emiliano, parece ter ficado para trás. Agora uma SAF, o clube aliviou as questões financeiras e ganhou poder de investimento. Na comissão técnica liderada por Ramón Díaz, encontrou um ponto de virada, não só técnico e tático, mas competitivo. Mesmo que o elenco ainda tenha fragilidades, a dupla trouxe ao cruz-maltino, nos bastidores e em campo, a mentalidade vencedora com a qual construíram suas carreiras.
Hoje, não há barreiras para dizer que o Vasco entra nos campeonatos, especialmente o Carioca, olhando para o título. E ciente do trabalho que precisa ser feito. No elenco estão atletas que já mostraram que sabem lidar com o peso de decisões, como Medel, Vegetti, Payet, Léo Jardim e Lucas Piton. O otimismo é bem mais presente que há cinco anos.
A principal arma do Nova Iguaçu na semifinal — a melhor campanha de sua história — não poderia ser outra: é o atacante Carlinhos, de 27 anos, que divide a artilharia do Carioca com Pedro, do Flamengo (oito gols).