O menino tinha sua vaquinha de estimação, numa distante Arapiraca, em meio à plantação de fumo. O leite branquinho de Pretinha, seus chifres afiados e sua bosta cheirosa fazem parte de um passado que teima em não passar, de tão bom que foi. A farinha ficou sem gosto ao não mais misturar-se ao leite de Pretinha. Restou muita saudade depois que ela partiu, enterrada como gente, com todas as honras merecidas, pelo bem que fez, pelas coalhadas ao fim da tarde. Faltou-lhe a cruz, no quintal em que ela foi repousar eternamente. Menos por desmerecimento, mas muito mais pelo receio de que viesse o menino a ser punido pelos Deuses, se julgassem o ato uma heresia e, por castigo, não permitisse que outras Pretinhas viessem a ocupar o lugar daquela que se foi. E levou consigo seu leite branquinho. (Crônica dedicada a Valdir Oliveira).
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