UROPRESTÍGIO
Raimundo Floriano
O terrível exame: pesadelo dos pacientes
Não sabe aquele exame em que a gente tem de encher a bexiga até a tampa? A tal ultrassonografia renal e prostática? Pois é, dia desses, eu era a bola da vez. Dos 40 em diante, essa é a rotina anual de todo o homem que se cuida, visando a evitar desagradáveis ou fatais surpresas.
Depois de beber uns 15 litros d’água, parti para o laboratório. Por acaso, estava vestindo a camiseta polo branca do concorridíssimo 30º Congresso de Urologia, com a logomarca do evento, que ganhara na véspera.
Aliás, devo informar que minha afinidade com esse importantíssimo ramo da Medicina se restringe à de paciente e que, tendo por lá dado uma de curioso, fui regiamente agraciado com estes preciosos brindes: 1 mochila, 1 caneta, referida camisa e 1 – unzinho só – comprimido de Sildenafil, genérico do Viagra, amostra grátis mediante receita.
Voltemos ao exame. Já na saída de casa, não aguentava a pressão que me forçava a expelir todo aquele mijo.
Feita a ficha no laboratório, fui encaminhado à sala de espera. Em lá chegando, pensei que não iria segurar a barra. Umas 20 pessoas já ali estavam, todas na fila do bebedouro, engolindo água e mais água. Eu, quase pingando na cueca, cogitei: “Será que suporto até ser atendido?”.
De repente, veio uma recepcionista com as fichas na mão. Ia chamar pela ordem de chegada, mas me viu, olhou a camisa logomarcada, e voltou lá pra dentro. Com pouco, retornou e disse:
– Primeiro, o doutor ali!
Olhei em derredor. Era eu mesmo. Para ser honesto, eu deveria ter esclarecido que chegara por último, que a vez seria de outro. E o perigo de urinar nas calças? Com a maior cara de pau, acompanhei-a. Pelo que deduzi depois, a camisa do Congresso me valera por demais naquele momento.
Mas devo me precatar.
A revista Veja, de 6 de abril de 2005, informa que um deputado estadual, em discurso na tribuna da Assembléia Legislativa da Bahia contra o toque retal no exame de próstata a que se submetera pela manhã, assim se expressou:
“Até agora estou vendo estrelas, graças à virulência do médico. Se fazem isso com um Deputado, imagine com um sem-terra ou um desempregado. Eu me senti deflorado!”
Nessas circunstâncias, meus amigos, muita cautela é o que se recomenda.
Na próxima consulta, o retorno, com o resultado do laboratório em mãos, mais o do PSA, irei à presença do meu urologista, o Doutor Fragomeni, mais conhecido como o Mão Grande.
Mas lá estarei trajando novamente a abençoada camiseta. Talvez assim me veja dispensado da temida e costumeira dedada!