Fiquei admirada com o preço baixo cobrado pelo motorista e atribui isso à amizade dele com Zanoni e Kátima.
No sábado pela manha, às 7 horas, eu e minha filha Diana entramos no táxi de Seu Radir, um senhor beirando à meia idade, educado e sério. Com pequena bagagem, estranhamos o rumo que ele tomou. Ele já estava prestes a passar pela antiga Ponte de Igapó, quanto eu lhe perguntei por que não tinha pegado a BR 101. Ele disse que eu tinha acertado com ele uma viagem à praia de Galinhos, em Macau (RN). E o caminho certo era aquele. Eu disse que ele estava completamente enganado, pois a viagem acertada seria para Porto de Galinhas, em Pernambuco e não para Galinhos (RN).
Irritada, ordenei que ele retornasse ao prédio onde moramos, pois, com ele, não iriamos mais a lugar nenhum. O taxista, só faltou chorar, e se desculpou por ter entendido mal. O preço dado por ele seria para nos deixar na Praia de de Galinhos (RN), bem mais perto. Implorou para que eu não desistisse de viajar com ele, e disse que, já que ele entendeu mal e deu o preço errado, pensando que a viagem fosse para Galinhos, iria cobrar como se a viagem fosse para Recife. De lá, até Porto de Galinhas, ele não cobraria nada. Mostrou-me a tabela de preços e eu até senti dó da situação dele.
Percebi que era uma pessoa decente e resolvi “desculpar a falha”.
Pegamos a BR 101, mas, antes disso, senti que estava muito mal sentada no Corsa Classic de Seu Radir. Simplesmente, o banco de trás tinha um enorme rasgão e se podia ver a ampola de combustível que ele conduzia (gás).
Era nesse banco que eu e Diana estávamos sentadas, salvando a ampola de gás.
Fiquei assustada com o gás, mas depois me acalmei.
O motorista nos pediu desculpas, pelo rasgão que havia no banco.
Eu trazia na bolsa de mão alguns CDs novos, dentre eles o mais novo de Chico Buarque, meu ídolo.
Depois de Goianinha, pedi ao motorista para ligar o som do carro e colocar o CD de Chico. Ele pediu desculpas novamente e disse que ali estava somente a tampa do toca-CD. O som tinha dado problema e o dono do táxi, que não era ele, tinha mandado consertar. Nem rádio tinha no carro.
Decepcionada, mostrei-me indignada, por ter que viajar durante 8 horas para Porto de Galinhas, sem ouvir nem ao menos um rádio.
Seu Radir, mais uma vez, nos pediu desculpas e disse que aquele táxi pertencia à frota de táxi de um conhecido Vereador de Natal, que não gastava um centavo com a manutenção dos carros.
Esse Vereador foi eleito pela 1ª vez em 2012. Sua campanha eleitoral foi hilária. Voltada para os idosos e crianças, pois elas poderiam conseguir para ele os votos dos pais e avós.
Imitando o Carro do Ovo, quando candidato, ele andava pelas ruas de Natal, anunciando a passagem do Carro do “Picolé”, que ele distribuía em troca de promessas de votos.
Na Zona Norte de Natal, ele mantinha uma casa de “Forró”, com entrada livre, mediante promessas de votos. Depois de seis candidaturas, ele conseguiu ser eleito.
Meu amigo Zanoni estava doente, e, pouco tempo depois, faleceu, no Pará, sem saber da Odisseia que essa viagem no táxi dirigido por seu compadre Radir representou para nós.
Não obstante o imprevisto do desconforto do táxi, o Congresso foi excelente, e o encerramento foi ótimo, com show de Alceu Valença.