Em países menos indulgentes com criminosos sem remédio, o fora-da-lei José Dirceu estaria purgando na cadeia os incontáveis pecados cometidos pelo subchefe da quadrilha do Mensalão. Depois de uma curta temporada no xilindró, acabou indultado pela camarada Dilma Rousseff. Reincidente irrecuperável, enfiou-se até o pescoço no esquema do Petrolão. Preso de novo, foi solto por outro habeas corpus fabricado pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal.
Há poucos meses, foi condenado em segunda instância a 20 anos de gaiola. Graças a embargos protelatórios, continua exercendo o direito de ir e vir. Há dois dias, aproveitou a morosidade da Justiça para avisar que comandará em Porto Alegre, no dia 24 de janeiro, os batalhões mobilizados para impedir que Lula seja condenado também pelo Tribunal Regional Federal. Um general de bloco carnavalesco é mais amedrontador que o guerrilheiro urbano que ficou fora até de assaltos a joalherias.
Igualmente jejuno em trocas de chumbo, o guerrilheiro rural só disparou balas de festim no cursinho intensivo em Cuba que lhe garantiu o diploma de revolucionário. Mas Dirceu botou na cabeça que é mesmo um guerreiro do povo brasileiro, e anda à caça de barulho. Para não desperdiçar o tempo de militares profissionais, o Tiro de Guerra de Taquaritinga pode encarregar-se de enfrentar o exército de araque.
A ofensiva liderada por Dirceu é tão real quanto a frase que repetia de meia em meia hora antes da descoberta de que o templo das vestais era bordel: “O PT não róba nem dêxa robá”.
Uma tropa comandada por um guerrilheiro de festim só consegue matar de rir.