Xilogravura de Valdério Costa
Mote desta colunista:
Pra rola só dou xerém
Se comer na minha mão.
* * *
Nem bem o dia amanhece
Já está em meu quintal
O seu canto matinal
É canto que me enternece
Mas comida só merece
Quem tem rumo e direção
Não cedo alimentação
Pra quem sempre vai e vem:
Pra rola só dou xerém
Se comer na minha mão.
Dalinha Catunda
Também não darei moleza
À rola ou a periquito,
Mesmo sendo bem bonito,
Pode ter toda a certeza;
Beleza nunca põe mesa
E nesses tempos então
Só abro uma exceção
Com aval de Araquem:
Pra rola só dou xerém
Se comer na minha mão.
Bastinha Job
Já tive no meu terreiro
uma rola sem futuro,
me procurava no escuro
e me acertava o traseiro,
com seu jeito interesseiro,
não queria meu pirão,
mas só arroz com feijão,
na hora do vai-e-vem.
Pra rola só dou xerém
Se comer na minha mão.
Anilda Figueiredo
Eu adoro passarinho…
Mas sou fã do periquito
Esse do mote esquisito
Não põe ovo no meu ninho
Pra ficar tudo certinho
Eu digo com precisão
Essa rima é o cão
Esse verso não convém
Pra rola só dou xerém
Se comer na minha mão.
Giovanni Arruda
Quando o pássaro é manso
Basta um dedo em riste
Botar painço e alpiste
Que vem fazer o descanso
Já criei patos e ganso
Sabiá corrupião
Acabava com a ração
Não me sobrava um vintém
Pra rola só dou xerém
Se comer na minha mão.
Araquém Vasconcellos
Canta lá no cajueiro
Que fica no meu canal
Um rebanho de pombal
Me consola o dia inteiro
Mais não chega no terreiro
Nem na janela do oitão
Eu tenho essa opinião
Pode ser pardal, quem quem
Pra rola só dou xerém
Se comer na minha mão.
Jairo Vasconcelos
Eu escuto o passarinho
Mas grito com dedo em riste
Posso dar xerem, alpiste
Se ele sair do ninho
Se eu escutar bem cedinho
Um canto em tom de canção
Mas se ele só diz não
E não canta pra ninguém
Pra rola só dou xerém
Se comer na minha mão.
Rivamoura Teixeira
Eu criava uma rolinha
Um dia fiquei zangada
Ela vivia escorada
Peguei a tal passarinha
Ficou mais mole a bichinha
Eu dei nela um arrochão
Sapequei ela no chão
E pelei o seu sedém
Pra rola só dou xerém
Se comer na minha mão.
Ritinha Oliveira