A grande dupla de cantadores Sebastião Silva e Moacir Laurentino glosando o mote:
Sem a minha viola eu não sou nada,
mas sou tudo com ela no meu peito.
Sebastião da Silva:
Essa minha viola é companheira,
que dá tudo o que quero em minha vida,
é a deusa total e tão sentida,
que me serve de amiga a vida inteira,
essa minha viola é padroeira,
é a deusa que dorme no meu leito,
é a força que causa grande efeito,
é a deusa divina idolatrada.
Sem a minha viola eu não sou nada,
mas sou tudo com ela no meu peito.
Moacir Laurentino:
Eu sem esse pedaço de madeira,
já não tinha alegria em minha vida,
minha face seria entristecida,
porque falta a legítima companheira,
ela toca comigo a noite inteira,
eu com ela decanto satisfeito,
da maneira dum caboco do eito,
arrastando no cabo da enxada.
Sem a minha viola eu não sou nada,
mas sou tudo com ela no meu peito.
Sebastião da Silva:
Com a minha viola em minha mão,
penso, toco, divirto, bebo e canto,
vou com ela feliz pra todo canto,
pra exercer muito bem a profissão,
é com ela que eu tenho inspiração,
o meu verso no ato sai direito,
no repente que faço eu aproveito
caminhando feliz na minha estrada.
Sem a minha viola eu não sou nada,
mas sou tudo com ela no meu peito.
Moacir Laurentino:
Essa minha viola é ganha pão,
misturada com minha cantoria,
sacrifício, talento e melodia,
e um pouquinho da minha inspiração,
a palheta pegada em minha mão,
e o baião tão saudoso sai perfeito,
que eu com ela pelejo e me ajeito,
e num instante fazer bela toada.
Sem a minha viola eu não sou nada,
mas sou tudo com ela no meu peito.
Sebastião da Silva:
É a viola que espanta as minhas dores,
é quem mata as mágoas que eu sinto,
com a minha viola em meu recinto
canto modas em músicas e tenores,
gosto muito de ouvir dois cantadores,
para o povo ficar mais satisfeito,
um poeta canhoto, outro direito,
e a cantiga bastante fermentada.
Sem a minha viola eu não sou nada,
mas sou tudo com ela no meu peito.
Moacir Laurentino:
Sem a minha viola eu vou sofrer,
mas com ela inda gozo em meu destino,
que ela segue o poeta Laurentino,
e acompanha o que eu posso dizer,
que me dá de comer e de beber,
e com ela eu não tenho preconceito,
ao contrário aumentou o meu conceito,
ela é minha eterna namorada.
Sem a minha viola eu não sou nada,
mas sou tudo com ela no meu peito.
* * *
A DUPLA IMPROVISANDO NUM QUADRÃO PERGUNTADO