A talentosa dupla de cantadores Rogério Menezes e Chico Alves em duas cantorias:
O açude Tá cheio, o chão molhado
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Desafio em Galope a Beira-Mar
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ABC DE PABLO PICASSO – Sá de João Pessoa
Artista como Picasso
O mundo ainda não viu
Feito têmpera de aço
Do qual se faz o buril
Genialidade tamanha
Inata no Sul da Espanha
Terra gitana e viril.
Bem cedo já começou
A mexer com a pintura
Ao Goya igual pintou
Perfeitíssima figura
Foi para a academia
Aprender com maestria
A retratar a natura.
“Ciência e Caridade”
Foi sua obra acadêmica
Longe da modernidade
Como se fosse helênica
O mundo não imagina
Que o gênio vem em surdina
E toma a forma edênica.
Depois ele vai a Madri
A Barcelona e Paris
Da pintura faz sua vida
Assinando “Pablo Ruiz”
Conhece Jacob e Soler
Ama Fernanda Olivier
Passa uma fase feliz.
Em novecentos e sete
Picasso abraça o cubismo
Com o seu amigo Braque
Atira a arte ao abismo
Eis que surge o embrião
Filho da revolução
Chamado surrealismo!
Foi na Galeria Vollard
A primeira individual
Agora corre em Paris
A fama internacional
A vida agitada o leva
Ao corpo amado de Eva
Uma paixão temporal.
Galga o sucesso e a fama
Na própria cidade-luz
Cria cenário pra balé
E novo amor o seduz
Conhece a divina Olga
Cujo dançar o empolga
Logo ao amor o conduz.
Homem de muitos amigos
Cultor de todas as artes
Cocteau e Apollinaire
Encontra em toda parte
E quando algum deles morre
Somente a paixão o socorre
Pra superar o descarte.
Intimista ou notório
Picasso assim se desvela
Os estilos se renovam
Quando a arte se rebela
É a vez do surrealismo
Sepultar leve o cubismo
Com féretro, coroa e vela!
Jaime Sabartés seu amigo
Desde os tempos de rapaz
Se torna seu secretário
O artista produz em paz
Além da litografia
Picasso faz poesia
E cenários teatrais.
Longe se houve o lamento
Dos mutilados feridos
É assim a guerra civil:
Faz dos homens uns bandidos
Irmão matando o irmão
Fome, frio e desolação
Multidão de desvalidos.
Max Jacob mais que amigo
Morre num campo nazista
Picasso está revoltado
Vai ao Partido Comunista
Busca a livre consciência
Expõe na “Arte e Resistência”
Chora a Espanha franquista.
Nada demonstra o horror
De uma Nação oprimida
Um quadro que não tem cor
Mostra a expressão mais sofrida
Trágica expressão nos fica
Ver espantado o “Guernica”
Morte real e dolorida.
O pintor pinta a tragédia
Que a tragédia se anuncia
O “Massacre da Coréia”
Que Picasso em transe cria
Inspira a “Pomba da Paz”
E o prêmio Lênin da Paz
A URSS então lhe daria.
Pablo Diego José
Francisco de Paula Juan
Nepomuceno Maria
De los Remédios Ciprian
De La Santísima Trindad
Ruiz y Picasso – dá
Ideias do livre amanhã.
Quando vai Paul Éluard
Também Françoise Gilot
Jacqueline vira musa
Que no outono encontrou
A morte de Henri Matisse
O faz meditar na velhice
– O ano 90 chegou!
Rembrandt está presente
Na arte de Pablo Picasso
Ora aparece em gravuras
Ocupando algum espaço
Ora é um lindo camafeu
Efígie de algum judeu
Sátiro, nu, um devasso!
Sem Picasso nossa arte
Seria um rio sem fim
Foi atacando os gregos
Os conceitos do latim
Mas a arte como Arte
Nasce viva em toda parte
Sem começo, meio e fim.
“Tenho a morte como amante
Diz ele em forma de queixa
Penso nela o tempo todo
É fiel como uma gueixa
Num mundo em agitação
As mulheres vêm e vão
Mas só ela não me deixa”.
“Um quadro não deve ser
Apenas mera ilusão
A pintura nunca é prosa
Antes – é poesia, canção,
Quantas vezes num instante
Vi que o amigo é o amante
A cor azul – um furacão!”
“Vaidade das vaidades
Eu não procuro – as encontro
No fundo sou curioso
Acerca de cada sonho
Não gosto de concluir
O quadro que há de vir
De um pesadelo medonho”.
XX Séculos se passaram
Para surgir um pintor
Que transmitiu para a tela
O sonho de um sofredor
Braque, Dali ou Matisse
As mulheres – que doidice
Vivem em forma de cor.
Zombeteira a morte chega
No ano de setenta e três
A impiedosa nos levou
Três Pablos de uma só vez
Casals, Neruda e Picasso
Já fazem artes no espaço
Junto a Jaime Sabartés.
Til não é letra nem nada
Mas Ele aparece aqui
Para dar o nobre Adeus
Ao gênio que conheci
Através das mil gravuras
Desenhos – óleos – pinturas
Que na exposição eu vi.