A Aristocracia significa o governo dos virtuosos. É aristocrata, aquele que é membro do grupo dos melhores, mais virtuosos e mais ricos, de uma cidade.
O termo foi criado para descrever sociedades hierarquizadas, pelo nascimento ou herança de sangue familiar, ou pelopatrimônio herdado.
Está provado que a herança patrimonial pode predispor alguém a ter mais virtudes. Entretanto, alguém pode nascer pobre e melhorar de vida, por esforço próprio, arregaçando as mangas e indo à luta pela sobrevivência.
Conheci pessoas que aprenderam a ler, escondidas atrás das portas, ouvindo os filhos dos patrões receberem aulas particulares.
Pois bem. O Sr. Jordano era um burguês de meia-idade, que enriqueceu como vendedor de tecidos. Muito ingênuo e sentindo-se rico, passou a perseguir o ideal de sair da classe média e ser aceito como fidalgo, na aristocracia.
Para isso, providenciou roupas novas e suntuosas, deliciando-se quando o ajudante do alfaiate, ironicamente, o tratou como “Vossa Excelência”. Além disso, apesar da idade, dedicou-se a aprender as artes, que deveriam ser dominadas por um aristocrata, como a dança, a música, o esgrima e a Filosofia.
Durante as aulas, o Sr. Jordano demonstrava ser possuidor de um raciocínio muito lento, com grande dificuldade no aprendizado. Os professores mostravam-se decepcionados com isso.
A lição de Filosofia se transformara numa aula básica de linguagem, e o Sr. Jordano se mostrou muito feliz e surpreso, ao descobrir que, mesmo sem saber, sempre falara em prosa.
A esposa do Sr. Jordano, muito observadora, começou a perceber que o marido estava se tornando ridículo, e passou a insistir para que ele voltasse à sua velha e despretensiosa vida burguesa. O marido não lhe deu ouvidos, e continuou tentando ascender à aristocracia.
Observando o comportamento ridículo do Sr. Jordano, um nobre. falido e mau- caráter, dele se aproximou, tentando se aproveitar e aplicar-lhe um golpe.
Diante do comportamento abobalhado do Sr. Jordano, o aproveitador, fazendo-se de amigo, passou a alimentar seus delírios e sonhos aristocráticos, fazendo logo com que ele pagasse suas dívidas.
O Sr. Jordano tencionava casar sua filha com algum nobre. No entanto, a jovem se apaixonou por um burguês, que a pediu em casamento, tendo o Sr. Jordano se oposto ao enlace.
Com a ajuda de um empregado, o pilantra e falso amigo do Sr. Jordano, usando de disfarces, apresentou-se perante ele, como filho do Sultão da Turquia. Radiante de felicidade, o Sr. Jordano consentiu que sua filha se casasse com o suposto príncipe estrangeiro. E ficou ainda mais feliz, quando o falso Sultão o informou que, na qualidade de pai da noiva, ele também seria agraciado com um título de nobreza, numa cerimônia especial.
Celebrada a falsa e ridícula cerimônia, o novo “fidalgo” passou a gastar todo o patrimônio herdado do seu pai, até que a Madame Jordano o obrigou a retornar à vida simples, que eles sempre levaram.