Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Imprensa Diária domingo, 16 de agosto de 2020

UM RECADO PARA A ESQUERDA

 

UM RECADO PARA A ESQUERDA

Paulo Polzonoff Jr.

Os analistas políticos, os artistas e os intelectuais de esquerda ou da chamada “direita prudente e sofisticada” não tiveram uma boa sexta-feira (14). Isso porque, logo que acordaram, se depararam com a realidade esfregada em suas caras. A mesma realidade que eles insistem em negar, talvez porque estejam com os olhos fixos na tela do computador, à espera de likes.

Diante de uma recente pesquisa do Datafolha mostrando uma expressiva recuperação na popularidade do presidente Jair Bolsonaro, muitos deles correram para as redes sociais a fim de demonstrarem enfaticamente sua indignação, quando não desconfiança. Afinal, como é possível que um instituto de pesquisa sério divulgue números que, se não destroem, corroem a narrativa cuidadosamente construída dentro do diretório partidário ou sindicato?

Aliás, bastante curioso como a credibilidade questionável do instituto de pesquisa acaba por conferir aos números divulgados ainda mais peso. Desde as manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff, a metodologia do Datafolha é alvo de dúvidas que viraram até piada nas redes sociais. Mas se até um instituto de pesquisas com viés à esquerda está atestando o aumento de popularidade do presidente, como questionar os números?

Uma vez aceita a tese de que os números refletem mesmo a realidade, apesar da “sensação do internauta” de que Jair Bolsonaro estava prestes a ser apeado do poder, resta aos analistas políticos, intelectuais, artistas, YouTubers, esportistas e modelos que compõem esse estranho grupo chamado de “formadores de opinião” discorrer sobre a causa do fenômeno. Afinal, se o presidente genocida e fascista está sendo bem visto pelo povo, é porque há alguma coisa de muito errada com esse povo, não é mesmo?

É uma postura arrogante que recentemente contou com o endosso do ministro Alexandre de Moraes. Ao dizer que “toda tirania deve ser afastada, inclusive a tirania da maioria que elege o Executivo e o Congresso”, o ministro do STF deu uma banana para o princípio básico da democracia, associando a decisão soberana do povo, essa abstração que ele considera ser de pouco lustro e nenhum bom senso, a um atentado contra todos os valores da civilização.

Sem a ousadia autoritária do ministro, mas com o mesmo espírito iluminado, teve gente que, diante dos números positivos para o presidente, correu para usar todos os chavões que até ontem condenavam. Como a região Nordeste foi a que apresentou a maior redução na taxa de rejeição a Bolsonaro, sobraram manifestações de nordestinofobia e insinuações de que o sertanejo é antes de tudo um vendido.

Os analistas políticos que resistiram à tentação de usar o determinismo geográfico para explicar a melhora nos índices de popularidade de Jair Bolsonaro substituíram a visão benéfica, quase idílica, do Programa Bolsa Família, até ontem visto como uma medida de um altruísmo inquestionável, pela ojeriza ao óbvio assistencialismo populista da Ajuda Emergencial dada aos mais afetados pela pandemia de Covid-19.

“O populismo funciona”, espantou-se alguém na minha timeline. Outro comparou a Ajuda Emergencial a uma porção diária de lavagem (!) que se dá aos porcos a fim de torná-los submissos e obedientes. Houve ainda quem atribuísse a mudança na forma como as pessoas veem Bolsonaro ao fim das quarentenas impostas pelos governadores. Um escritor, provavelmente cansado de conviver com essa gente “tosca” que insiste em não ver Jair Bolsonaro como um Hitler ou Anticristo, anunciou estar à procura de uma residência literária na Cochinchina. E assim por diante.

Com raiva da realidade que contradiz suas narrativas, tanto a extrema-esquerda quando a direita-com-nota-de-rodapé são incapazes de calçar as proverbiais sandálias da humildade e reconhecer que a maioria não é tirânica e tampouco se vê como refém de três lobos-guarás. Que, talvez, o aumento na popularidade ou diminuição na rejeição a Jair Bolsonaro (copo meio cheio ou meio vazio, ao gosto do freguês) se deva justamente à hostilidade fomentada pelos formadores de opinião sempre tão indignados.

Ninguém aguenta mais lockdown, isolamento social, medidas restritivas ou o que quer que seja. Ninguém aguenta mais o populismo cheio de frufru dessa gente que diz que as pessoas deixarão de ler por causa de imposto sobre o livro, que defende a volta da contribuição sindical, que diz que entregador de comida tem que ter carteira assinada. Ninguém aguenta mais essa história de que a democracia está em risco, buá, buá. Ninguém aguenta mais ser cotidianamente xingado de racista, homofóbico, misógino e fascista.

Ninguém aguenta mais o vitimismo e a pretensão daqueles que estufam o peito para se autoiludir com essa história de “somos 70%”.


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