A cordelista recifense Mariane Bigio, graduada em Comunicação Social e especialista em Literatura de Cordel
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UM VOO SOBRE O MAR
Te convido a escutar
A beleza da poesia
Do encontro entre as palavras
Com encanto e a magia
Feche os olhos e desfrute
Qual fosse uma melodia…
Sente ou deite, confortável
Respire profundamente
Inspire puxando o ar
Solte vagarosamente
Deixe que o ar penetre
E acalme a sua mente
Inspire como quem sente
O cheiro de uma florzinha
Expire como quem sopra
A chama de uma velinha
Sinta a calma se instalar
E sigamos nessa linha
Imagine uma prainha
Com longa faixa de areia
Ao longe se ouve o canto
De uma mamãe baleia
Que no fundo do oceano
Com seu filhote passeia
As ondas batem nas pedras
Nos recifes de corais
E se espraiam nos seus pés
Lhes trazendo água e sais
Na ciranda das marés
Cheias de “vens” e “vais”
Na areia, muitas conchas
E barcos a descansar
O Sol já se despediu
A leve brisa a soprar
E o som de alguns passarinhos
Vai cessando devagar
Os grãos de areia nos pés
Fazem massagem gostosa
Ouça o barulho do mar
É uma voz melodiosa
Como a sereia que canta
Com sua cauda escamosa
A Lua chega, brilhosa
Demonstrando realeza
Seu reflexo nas águas
É de extrema singeleza
É Deus mostrando pra gente
Como é bela a Natureza
Os coqueiros se balançam
As folhas dançam no ar
Como fossem guardiões
Guardando a beira-do-mar
Os siris saem das tocas
E seu balé vêm mostrar
O Céu é azul escuro
Negro céu com seus encantos
As nuvens, muito macias
O recobrem com seu manto
As estrelas vêm surgindo
Cada uma no seu canto
As constelações se mostram
Diante do seu olhar
Continue respirando
Pro seu corpo relaxar
Imagine que no céu
Você começa a voar
Flutuando lá em cima
Tão leve como uma pena
As nuvens tocam seu rosto
A brisa sopra serena
Imagine este passeio
Com a sua mente plena
Veja o jardim celeste
Com estrelas cintilantes
Seus dedos tocam nos astros
Que desgastam pó brilhante
Deixe que a paz enfim
Seja a sua tripulante
Volte aos poucos, respirando
Como um barco que regressa
Aterrize de seu voo
Tranquilamente, sem pressa
Foi uma breve viagem
E que com o pouso cessa
De volta à praia outra vez
Vá nas areias pisando
Sinta os grãos por entre os dedos
Aos seus pés, massageando
O canto da mãe baleia
Já vai se distanciando
A sereia que nadava
Já se vai, submergir
E aos pouquinhos você pode
Os seus olhinhos abrir
Ou quem sabe até prefira
Sonhar mais, até dormir
Que a poesia embale o sonho
E o verso possa ecoar
Preenchendo o coração
De quem deixou-se levar
Pelas ondas das palavras
Do Cordel pra Meditar….