Um passarinho pousou na minha janela e me presentou com sua música tão bonita. Ofertou-me seu canto, com a maior das ternuras, com todo o carinho, sem nada em troca. Aproveitou e fez também aquela sujeirinha típica que todos os animais fazem, na hora do ‘descomer’. Nada que embotasse a beleza do seu cantar ou que arranhasse a suavidade de sua presença. Diante do belo, cometi a heresia de pensar em prendê-lo numa gaiola, impedindo-o da liberdade do voo e ‘privatizando’ seu belo canto, sua ‘divina zoada’… Desisti a tempo de evitar o cometimento de crime tão hediondo. A solução mais inteligente foi mesmo deixá-lo livre, evidenciando a importância da liberdade! Assim procedendo, ele voltará outro dia com sonhos livres e cantos de amor para embalar os meus sonhos, também de amor, também de paz. O egoísmo de trancá-lo em uma gaiola rapidamente esvaiu-se ante a constatação de que todos merecem ouvir tão belo cantar. Por que deveria eu ter o privilégio da audição exclusiva? Quanto egoísmo! Aproveitei e deixei todas as gaiolas de minha alma de portas abertas, ainda que em nenhuma delas houvesse algum passarinho sem poder voar. Nelas haviam apenas sonhos, alimentados sempre pelo belo cantar dos passarinhos. Que bom se um passarinho pousasse na janela de todos os homens.
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