Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Marcos Mairton - Contos, Crônicas e Cordéis quarta, 02 de abril de 2025

UM NOVO DIA VIRÁ (CRÔNICA DO COLUNISTA MARCOS MAIRTON)

UM NOVO DIA VIRÁ

Marcos Mairton

Outro dia, em Brasília, fui a um show do grupo vocal IL VOLO. Com o auditório do Centro de Convenções Ulisses Guimarães lotado, assisti a uma das melhores apresentações musicais dos cinquenta e poucos anos que tenho vivido.

Uma música melhor que a outra. Uma interpretação melhor que a outra. Das muitas canções apresentadas, em mais de duas horas de show, uma que, além de me emocionar, sempre me faz refletir sobre a vida: IL MONDO, de Jimmy Fontana. Em português, O MUNDO.

Costumo dizer que IL MONDO me chama a atenção especialmente porque parte de uma mentira particular do amor romântico para chegar a uma verdade geral do amor pela humanidade. Uma mensagem de esperança.

“No, stanotte amore non ho più pensato a te”, diz o primeiro verso: Não, esta noite, amor, não pensei mais em você. Uma das mais óbvias mentiras de quem vive o luto por um amor que acabou. Ou, se não acabou o amor, a vida em comum tornou-se inviável. Acontece todo dia, com muita gente.

O certo é que o anúncio de que não se pensou na pessoa amada nada mais é que uma confissão de que se pensou muito em tal pessoa.

Mas a canção não pára aí. No verso seguinte vem o passo por meio do qual o autor começa a superar aquele luto, saindo do sofrimento particular para perceber o que acontece à sua volta: Abri os olhos para olhar ao meu redor; e ao meu redor girava o mundo, como sempre (Ho aperto gli occhi per guardare intorno a me; E intorno a me girava il mondo come sempre).

Parece que, naquele momento, nosso personagem cometeu um erro de avaliação, raciocinando como se o mundo girasse em volta dele, o que revela certo egocentrismo. Mas como reprovar isso em alguém que está tentando se libertar de um pensamento fixo, verdadeira obsessão por alguém que já não mais faz parte da sua vida? Tem gente que age como se fosse o centro do universo por razões menos aceitáveis, como o fato de ocupar um importante cargo público, por exemplo. Se começa a dar ordens absurdas e vê-las cumpridas então, sente-se o dono de um país. Ou até do mundo.

Mas, voltemos ao nosso herói, que, longe de querer ser o dono do mundo, apenas o observa, para ver que o mundo gira no espaço infinito, com os amores que acabaram de nascer e os que já terminaram. Com os prazeres e as dores de gente como ele próprio.

E é neste ponto que nosso protagonista se dá conta da pequenez de seu sofrimento diante da grandeza do mundo: Ó, mundo! Somente agora eu te vejo! Me perco no teu silêncio, e sou nada perto de você.

E assim nosso herói acorda para a vida. Percebe que o mundo não pára um só instante. Que depois de cada noite sempre vem um novo dia. E – o mais importante – que um novo dia virá:

Il mondo
Non si è fermato mai un momento
La notte insegue sempre il giorno
Ed il giorno verrà

Sim, virá. Não apenas para o nosso herói da canção IL MONDO, mas para todos nós. Por mais que o momento seja difícil, que nosso país atravesse tempos sombrios, que o planeta inteiro esteja novamente sob risco de uma catástrofe nuclear, um novo dia virá.

 

 

 


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