Um jardim para Cecilia:
não o trago por falta de flores.
Os que conheço,
Sobram-lhes as dores dos dias de hoje,
sem borboletas ou lavadeiras,
sem folhas verdes faceiras
e passarinhos com ovos nenhum em seus ninhos…
Também não lhe trago um caracol.
De que adiantaria um se não há sol
que penetre sua concha?
Sequer sei onde busco
um vespertino lusco-fusco
que o torne mais molusco.
Não poderei trazer sapos e formigueiros,
nem cigarra e nem canções:
o povo é mudo, sem emoções
e jardineiros já não há…
Os sapos se foram e s formigas sumiram
levando com eles as canções e as cigarras
na maior das farras.
Onde estarão?
Resta-me trazer para Cecília
um carnaval, mas, sem Pierrots,
sem frevos e alegrias, sem serpentinas,
Sem Colombinas…
Apenas palhaços,
traços do povo e gente assim feito nós,
entre o muro e a hera,
trepadeira no outono da primavera,
ou no inverno do verão…
De quebra, e para alegria dela,
Prometo trazer-lhe um grilinho dentro do chão…
De tudo que lhe traga, Cecília mais gostará
Do grilinho dentro do chão…
Sei bem de Cecília, conheço seu coraçã