Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Violante Pimentel - Cenas do Caminho domingo, 19 de maio de 2024

UM FELIZ DIA DAS MÃES (CRÔNICA DA COLUNISTA MADRE SUPERIORA VIOLANE PIMENTEL)

 

UM FELIZ DIA DAS MÃES

Violante Pimentel

Era um dia de domingo, o 2º domingo do maio, do ano de 1955. Eu era criança e chegou o Dia das Mães.

Em casa, Dona Lia, minha mãe, sentiu as dores do parto e meu pai foi buscar a parteira, Dona Maria Gorda, num troller da Rede Ferroviária.

Ao voltarem, a parteira já encontrou minha mãe em trabalho de parto, e o procedimento foi muito rápido.

Muito ansiosa, fiquei de pescoço duro (torcicolo) de olhar para o céu, pastorando a cegonha, que viria deixar o presente da minha mãe, naquele dia festivo. Sabia que eu iria ganhar um irmão ou irmã.

Desapontada, não vi a cegonha chegar, mas ouvi o choro do bebê, quando nasceu. A euforia dentro de casa foi grande. A parteira saiu do quarto onde estava minha mãe e disse para o meu pai: -“É um menino”.

Ele se emocionou e deixou cair algumas lágrimas. Tinha dado tudo certo, graças a Deus!

Dentro do quarto, uma bacia com água morna com uma colher de álcool garantia a assepsia do bebê e da minha mãe. Nossa casa era vizinha à da minha avó paterna, Dona Júlia.

Com minha mãe já relaxada do esforço do parto, e o bebê já limpinho e arrumado, a porta do quarto se abriu e podemos admirar o presente que minha mãe havia recebido. Um menino lindo, que recebeu o nome de Bernardo Celestino, o sexto filho de Lia e Francisco.

Era um presente de Deus para nossa Mãe e nosso Pai. Foi o que as minhas tias Edite e Eulina me disseram, emocionadas.

O bebê nasceu em casa, sob os cuidados de Deus e da eficiente parteira, Dona Maria Gorda, considerada a melhor parteira da cidade. Naquele tempo, em Nova-Cruz, não se dispunha de médico, nem de hospital ou maternidade. O parto foi normal e a nossa alegria foi imensa, com o presente que nossa mãe recebeu no Dia das Mães.

Ainda me lembro do cheiro de Alfazema, que perfumava o quarto e o berço do bebê.

Minha mãe exultava de alegria, por ter recebido como presente de Deus, naquele Dia das Mães, outro filho homem.

Anos depois, o menino se tornou médico. Deus atendeu aos anseios de Dona Lia, que viu seu ideal realizado.

Muitas vezes, vi minha mãe debruçada sobre o berço, estendendo as suas mãos de veludo e acariciando seu bebê, como uma ave que estende as asas macias sobre o ninho onde repousam seus filhotes implumes.

Cenas enternecedoras aconteceram junto àquele berço!

O amor e o carinho materno transbordavam em minha Mãe, não só com relação ao bebé recém-nascido, como com relação a mim, que perdi o posto de caçula, e aos outros irmãos.

As doces canções de ninar, que as mães cantam para adormecer os filhos, são preces que elas fazem a Deus, rogando para eles um futuro brilhante. O mais importante na vida delas é que os filhos sejam felizes.

É ali, junto ao berço, que se formam sábios, poetas, patriotas, heróis e santos! É ali que começa a educação para as coisas belas da vida, para a virtude, para o heroísmo, e para a bondade no coração.

É verdadeira a premissa que diz:

“A educação vem do Berço!”

A semente de boa qualidade, que a mãe depositar no coração dos filhos, há de germinar, crescer e subir, até ramificar-se numa grande árvore, que dará bons frutos.

Felizes as mães que plantam a semente do bem no terreno virgem do coração dos filhos! A colheita será farta, e grande a felicidade de quem semeou!

Os dias felizes da nossa vida jamais serão esquecidos.

Hoje, no topo da minha maturidade e órfã de pai e mãe, com a proximidade do Dia das Mães, as lembranças e a saudade dos dias idos e vividos afloram à minha memória e inundam a minha alma. E chove nos meus olhos.

Lia e Francisco, o nosso porto seguro, deixaram plantadas em nós as sementes do amor ao próximo, da generosidade, da caridade, da retidão e da solidariedade humana. As sementes germinaram e resultaram numa árvore imensa, que dá muita sombra e continua frutificando.

Dona Lia, minha querida Mãe, não era só uma rosa, mas um imenso jardim em flor!!!

Salve o Dia das Mães!

 


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