Estátua de Capiba, na rua do Sol, Recife
A saudosa escritora Zilah Barbosa Torres, sobrinha de Capiba, me confiou, em dias de 1985, a organização da festa para o lançamento de seu livro: “Capiba – Um nome, uma vida, uma época”. O evento aconteceu no Forte das Cinco Pontas, contou com a participação da Orquestra de Cordas Dedilhadas e oferecemos um coquetel aos convidados.
Ela me falou sobre assuntos interessantes sobre sua família. Disse-me que seu tio – Lourenço da Fonseca Barbosa – desde a infância era apreciador do futebol. Costumava juntar seus coleguinhas, em Taperoá, na Paraíba, para boas peladas que se realizavam em qualquer terreno baldio.
E foi mais além, tirando uma de minhas dúvidas, ao afirmar que Capiba era um apelido de família, não especificamente o mais famoso de todos: Lourenço Capiba; pois assim eram conhecidos seus demais parentes: Severino Capiba, Pedro Capiba, Tereza Capiba e Herman Capiba. A popularização do termo indígena quase se tornou um nome de família: os Capiba, como eram conhecidos os descendentes do velho Severino Athanásio, Mestre de Bandas famoso no inteior.
Desejoso de levantar as ligações do único fundador vivo da AABB, naquela época, anotei dados de um cidadão que foi, no dizer de Fernando Lobo, “Um fazedor de tudo, sobretudo de músicas e times de futebol”.
Em Campina Grande, onde morou, Lourenço Capiba começou a jogar futebol em clubes e o primeiro deles foi o América, no qual foi reconhecido como bom jogador, jogando na posição de Centro Atacante.
Depois se transferiu para o time juvenil do Campinense Clube, enquanto seus irmãos João Capiba e Severino Capiba jogavam no esquadrão principal.
Quando menino já era apreciador do Santa Cruz Futebol Clube, time do Recife, e sob essa inspiração fundou em 1922, em companhia de seu amigo Hilton Vieira, uma equipe de futebol chamada Santa Cruz, time que fez sucesso por bom tempo, em Campina Grande.
Fundou na mesma cidade um clube com as cores vermelha, verde e branca, que adotou o nome de “Palestra”, talvez em homenagem ao “Palestra Itália”, de São Paulo, que mais adiante se denominaria: Palmeiras. Fez parte também do América Campinense.
Logo que a família foi transferida, por uns tempos, para João Pessoa, ele se articulou com os desportistas locais e se filiou ao América Futebol Clube, o qual era composto, em sua maioria, por estudantes.
Nesse tempo começou a ter compromissos profissionais, atuando como pianista do Cinema Rio Branco, que apresentando filmes mudos necessitava de música para animar as imagens.
A partir dos anos 30, nomeado através de concurso, para o Banco do Brasil, assumiu na Agência do Recife, que funcionava num prédio alugado à Rua do Bom Jesus.
Em 1935 associou-se ao Santa Cruz Futebol Clube, recebendo a Carteira nº 183, a qual seria doada à “Sala da Memória Tricolor”, acontecimento datado de 30 e setembro de 1984, quando comemorou 80 anos de idade. Foi Conselheiro e proprietário das Cadeiras Cativas nºs. 224 e 225.
Naquela época o Recife lhe tributou várias homenagens, inclusive o lançamento de sua primeira biografia, sob minha assinatura: “Capiba, sua vida e suas canções”.
Estátua de Capiba, na AABB. Foto de Ismênia Teles
Capiba inaugurou o Memorial Tricolor recebendo a homenagem do Presidente Vanildo de Oliveira Ayres, presenteado-o com uma nova Carteira de Sócio, que lhe isentava de contribuição; uma faixa de Tri-super Campeão do campeonato de 1983, uma camisa nº 9, relativa à sua antiga posição de pebolista amador e uma placa de prata registrando o agradecimento dos tricolores por haver sido de sua autoria o Hino Oficial do clube.
Logo que tomou posse no Banco do Brasil se articulou para formar um time, ao que recebeu o nome de “Satélite Club”, que nos anos de 1930 a 1939 obteve muitas vitórias nos torneios bancários.
Em julho de 1939, Lourenço Capiba assinaria a ata de fundação da Associação Atlética Banco do Brasil. Na verdade, seu fundador nº 1, pois o “Satélite” fora incorporado à AABB e ele seu principal organizador. Hoje tem uma estátua na sede, por iniciativa de Euler Araújo de Souza, grande amigo da cultura.