Com a Semana Santa, celebrada a partir deste domingo (10/4) até sábado (16/4), a expectativa dos setores ligados ao turismo do Distrito Federal e de municípios próximos é otimista. A previsão é de que o movimento do período em 2022 supere os números de 2018 e 2019 — anteriores à pandemia. O clima positivo é embasado nos resultados da arrecadação do Imposto Sobre Serviços (ISS) do segmento este ano. O último levantamento, de fevereiro, mostra crescimento de 10%, na comparação com o mesmo mês de 2018.
Responsável pelo observatório, Marcos Vinicius de Sousa explica que os números são relativos às empresas registradas no Cadastro de Pessoas Físicas e Jurídicas do Setor Turístico (Cadastur) e engloba agências de viagens, transportes e guias turísticos. "Brasília está recebendo mais turistas. Os resultados mostram que mais serviços foram prestados e que, portanto, a arrecadação subiu, mesmo com a redução da alíquota", detalha Marcos. Em junho do ano passado, por meio de uma lei distrital, o ISS cobrado do setor, desde 1º de janeiro de 2022, caiu de 5% para 2%.
Henrique Severien, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Distrito Federal (Abih), confirma o cenário positivo. O preço das diárias, neste ano, está de 15% a 20% menor do que em 2019, segundo a Abih. "Como tivemos aumento na demanda, a receita também cresceu. Mas a inflação impactou bastante. A energia elétrica e a parte de alimentação, cujos preços cresceram exponencialmente, são muito relevantes na composição do valor da diária. Mas não é o momento de fazer reajustes, ainda que sejam justificáveis", pondera.
Descanso
O presidente da Abih destaca que os brasilienses costumam aproveitar os feriados em locais próximos ao DF. É o caso da bancária Simone Togawa, 42 anos, que vai curtir os dias de folga e levar os filhos, de 8 e 9 anos, para acampar pela primeira vez, no Ecoparque Barra do Dia, em Padre Bernardo (GO), a 80 km da área central do Plano Piloto.
A moradora do Setor Habitacional Tororó costuma ir para locais nos arredores do DF em feriados, como Cavalcante (GO) e Pirenópolis (GO), mas não viaja desde 2020, por conta da pandemia. "Eu acampava muito quando era adolescente, sempre gostei, mas parei depois que casei e tive filhos, porque é mais confortável ficar em hotel", admite Simone. "Eu e meu marido sempre quisemos levar as crianças para acampar. Vamos curtir e explorar a natureza e vamos levar lanterna e vara de pescar. Tem anos que não acampo, minha expectativa está grande", revela a bancária.
Uma das atrações na Fazenda Barra do Dia, onde fica o ecoparque, é a Cachoeira Lydia. O administrador desse espaço de trilhas e quedas d'água, Ricardo Moreira, conta que 98% dos visitantes são do DF. O local, que oferece opções para passar o dia e pacotes para o camping de sexta a domingo, está lotado. No entanto, Ricardo afirma que a procura para a Semana Santa foi menor do que a registrada em 2021. "No ano passado, as pessoas estavam com dinheiro e doidas para sair. Agora, estamos em crise, e o pessoal está sem dinheiro. Intensifiquei a divulgação no Instagram, contratando uma pessoa para cuidar do marketing digital", conta Ricardo, morador do Lago Sul.
Proximidades
Nos municípios goianos mais procurados pelos brasilienses — como Pirenópolis e as cidades que ficam na Chapada dos Veadeiros — os cenários são parecidos. Empresários da região esperam que os lucros do feriado fiquem próximos aos percebidos em 2019. Vitor Giuberti e Denise Polla alugam casas por temporada na Vila de São Jorge, em Alto Paraíso, no espaço Rio da Lua. "É um formato que, depois da pandemia, as pessoas passaram a preferir. Casas inteiras disponíveis para o hóspede são mais confortáveis e não há aglomeração", argumenta Denise. Cerca de 70% dos hóspedes são de Brasília. O casal está com todas as unidades ocupadas para o feriado.
Denise explica que o movimento em 2021 foi muito superior ao dos anos anteriores. "Foi completamente atípico para o turismo. Todos estavam desesperados para sair de casa, então, a procura foi grande", relembra a empresária. Ela acredita que, dificilmente, os resultados deste ano vão superar os do ano passado, mas crê que 2022 vai ficar perto do cenário observado antes da pandemia. "As pessoas se organizam de 45 a 60 dias antes do feriado e, normalmente, reservam a hospedagem para a Semana Santa em fevereiro. A procura ficou dentro desse intervalo, neste ano", completa.
Ao Correio, a Secretaria Municipal de Turismo de Pirenópolis informou que a expectativa para a data é positiva. "A procura por pousadas e pesquisas sobre atrativos têm sido frequentes em nosso Centro de Atendimento ao Turista. Esperamos ter uma ocupação satisfatória durante esses dias. Os períodos de Semana Santa de 2020 e 2021 foram bastante marcados pela pandemia. Portanto, tendo em vista o atual cenário de flexibilização e atenuação da covid-19, esperamos ter um movimento melhor em 2022. O público predominante de Pirenópolis continua sendo o originário de Brasília", escreveu a secretaria, em nota.