Raimundo Floriano
Mocó, Torres do Rojão e Djaci
José da Silva Torres, o Torres do Rojão, vocalista, triangueiro e compositor, nasceu em Campina Grande (PB), no dia 14.06.1944.
Começou cantando em Caruaru (PE), onde fazia bicos para sobreviver. Ainda adolescente, mudou-se para o Rio de Janeiro (RJ), sempre perseguindo seu ideal de se firmar na carreira de cantor. Lá, empregou-se como operário na empresa CIB - Companhia de Carrocerias Brasileira e, nos finais de semana, cantava numa casa noturna chamada Flamenguinho, de onde tirava mirrado adjutório para seu sustento.
Bateu cabeça por São Paulo (SP) e, em 1962, aportou em Brasília (DF), de onde nunca mais saiu, trabalhando, inicialmente, na indústria gráfica.
No transcorrer da carreira, atuou com célebres nomes da música forrozeira: Jacinto Silva, Oswaldinho, Camarão, Téo do Baião, Sivuca, Jackson do Pandeiro, Joci Batista, Marinês, Dominguinhos, Anastácia, Elba Ramalho, Luiz Gonzaga, Zé Gonzaga, Abdias, Miudinho, Manoel Serafim, Elino Julião e tantos outros.
Nos anos de 1963 e 1964, aqui se engrenou com o Nino, vocalista e ritmista, líder de um conjunto famosíssimo na época, o Trio Paranoá, pioneiro do forró nordestino no Distrito Federal, não só pelo Trio, mas também pela casa noturna de sua propriedade, o Forró do Nino, na cidade-satélite de Taguatinga. O Trio Paranoá também mantinha um programa da Rádio Nacional de Brasília, nas manhãs de domingo, o Brasília Canta Para o Brasil. Torres dava canja por lá.
A 12 de junho de 1972, Torres fundou o Trio Siridó. E já se vão quase 40 anos! Era esta a formação inicial, que foi a mais duradoura: Torres do Rojão, vocalista e triangueiro, Mocó, zabumbeiro, e Djaci, sanfoneiro. É o conjunto que domina a maioria dos arraiais forrozeiros no Planalto Central durante o período junino. No restante do ano, vira-se como pode. Apresenta-se em bares, boates, restaurantes, churrascarias e em shows de artistas de fora que visitam Brasília. Como, aliás, aconteceu em 5 de julho de 1982, no último espetáculo de Jackson do Pandeiro que, vítima de enfarte no dia seguinte, já no Aeroporto para retornar ao Rio de Janeiro, faleceu no Hospital Santa Lúcia no dia 10. Podemos afirmar, sem medo de erro, que este conjunto é filhote do Trio Paranoá e seu sucessor na Capital da República, sem rival que se lhe emparelhe.
No tempo do vinil, o Trio Siridó gravou 7 elepês, todos com boa vendagem nas casas do ramo: Progresso da Mandioca, Que Nem Sapo na Lagoa, Até o dia Amainsá, Eu Sou de Lá, Flor Mulher, Forró em Maceió e Quero Te Balançar. Na era do CD, a coisa se complicou. Seus discos passaram a produção independente, e a gravação de cada álbum é um parto com muita dor, só possível com a colaboração de seus amigos mais chegados, que nos quotizamos em vaquinha para a consecução da empreitada. Em meu acervo, possuo todo o repertório desses elepês.
Luiz Berto em muito contribuiu para essa história da sobrevivência do Trio. Em 1984, empresariou show dançante a que deu o título de Forró Pisa na Fulô, onde, semanalmente, se apresentava uma atração forrozeira nacional e global, com o Trio Siridó fazendo a prata da casa e carregando o piano.
Ainda nos Anos 1980, Luiz Berto, como Diretor Social da ASCADE - Associação dos Servidores da Câmara dos Deputados, deu uma sacudida naquele então vetusto clube, promovendo forrós semanais com a animação do Trio Siridó. Foram noites memoráveis, que se acabaram tão logo Luiz Berto deixou o cargo. Fez história e deixou saudades!
Em 1992, no quintal de Luiz Berto, na Asa Norte, num dos nossos domingos forrozeiros, que duravam por todo o dia, o Torres, a toda hora, mencionava bela senhorita, chamada Socorro, ali presente, que lhe dera a mão e outras coisinhas mais, em momento de muita atribulação financeira. Surgiu, então, o desafio de que fosse composta uma música, no ato, com o seguinte tema: Na hora da precisão, Socorro me socorreu. Foi trabalho a 8 mãos. Quase entrei na parceria, mas não me pediram a revisão gramatical. Nem precisava. No final, saiu o excelente xote Anjo da Guarda, destes inspirados gênios: Torres, Luiz Berto, Giba e Kalango.
Dois vinis do Trio Siridó à venda em mercados virtuais
A história da autoria de Anjo da Guarda já foi melhor contada por um de seus protagonistas, o Papa Berto I, a seu modo, em duas ocasiões: no dia 05.11.08, sob o título De Como Me Tornei Compositor, e no dia 08.03.09, sob o título Conversa de Domingo, desta vez com o Trio Siridó interpretando-a.
O conjunto não se ateve só às glórias do passado. Soube adaptar-se aos novos tempos, à tecnologia, enfim, ao Século XXI. Com o atual esquema Trio Siridó e Banda, imprimiu nova roupagem ao som e à cozinha rítmica, sem, no entanto, perder a autenticidade, a pureza e a fidelidade às suas raízes nordestinas, ao legítimo forró pé-de-serra. Esta é sua composição atual: Torres do Rojão, Dico na Sanfona, Cipó na zabumba e Taciva e Valdinei nos vocais, além de outros no teclado, nas cordas e na percussão.
Detalhe do Trio Siridó e Banda
Este é o repertório mais conhecido do Trio Siridó:
Para vocês, pequena amostra do trabalho do Trio e Banda:
Lembrando o Nordeste, rojão de Torres do Rojão, Mocó e Djaci, com o Trio Siridó em sua formação original.
Eu Sou de Lá, rojão de Cecéu:
O Forrozeiro, arrasta-pé de Cecéu:
Flor Mulher, xote de Djaci, Degas Muniz e Cid Maciel:
Recordando o Nordeste, rojão de Djaci, Luiz de Lima e Geny:
Plano Piloto, rojão de Alceu Valença e Carlos Fernando: