Raimundo Floriano
João Batista, Hermelinda e Oséas Lopes
O Trio Mossoró habita minhas prateleiras desde 1980, quando adquiri o LP O Melhor do Trio Mossoró:
Mas é, praticamente, um ilustre desconhecido no Brasil, quiçá em sua própria terra. Há poucos dias, Beto Potiguar, o técnico de cuida dos computadores daqui de casa, natural de Caraúbas (RN), ficou surpreso ao ver um CD do Trio, que e eu montara para meu acervo, e disse que jamais ouvira falar dele, acrescentando que vai muito a Mossoró, pois tem um irmão lá residente. O fato é marcante, pois o Beto é zabumbeiro de um conjunto brasiliense de Forró.
No dia 6 de maio de 2014, foi lançado, em Mossoró, o livro Minha História, de Oséas Lopes, contando detalhes da trajetória do Trio. Tentei adquiri-lo, mas em vão:
Minha intenção é mostrar aqui um pouco do trabalho desse Conjunto, dizer algo sobre seus três componentes. Como as contracapas de seus elepês nada informam, e não querendo me valer de dados não muito confiáveis, vou ater-me ao pouquinho que consta do Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.
O Trio Mossoró é composto pelos irmãos Carlos André Batista, o Oséas Lopes, João Batista, o João Mossoró, e Hermelinda Batista, a Ana Paula.
Foi fundado no princípio dos anos 1950, pelo sanfoneiro Carlos André Batista, que já havia atuado na Rádio Tapuyo de Mossoró. Pouco depois, Carlos André mudou-se para o Rio de Janeiro, para onde chamou os irmãos visando a dar continuidade ao trabalho do Trio.
No Rio de Janeiro, o líder e fundador já atuava nas rádios Mayrink Veiga e Nacional, mantendo contato e intercâmbio com o compositor maranhense João do Vale.
Em 1954, recebeu em cerimônia, no Teatro Municipal no Rio de Janeiro, o troféu Elderbe, o mais importante prêmio musical naquele momento.
Em 1962, gravou o primeiro disco, o LP Rua do Namoro. Depois disso, lançou, ao longo da carreira, cerca de 10 elepês, destacando-se, entre os quais, Trinta Dias de Forró e Forró do Mexe Mexe.
Participou, ainda, de inúmeras coletâneas de música forrozeira.
Em 1972, o Trio se separou, com seus integrantes partindo para autuações individuais.
Possuo em meu acervo 25 títulos de seu repertório, alguns deles garimpados no baú do amigo Paulo Carvalho, Cardeal da Igreja Sertaneja e Membro da Academia Passa Disco da Música Nordestina.
Baseado nesse cabedal, aventuro-me em dizer que o Trio Mossoró, foi, enquanto durou, o grande intérprete da dupla Antônio Barros e Cecéu. Deles são 15 peças dos 25 títulos acima citados.
Como pequena amostra, escolhi cinco ritmos nordestinos diferentes, para que vocês possam curtir um pouco as preciosidades que esses maravilhosos artistas nos legaram:
Eta Coração, rojão, de Antônio Barros;
Era Fogo, xote, de Cecéu;
São João Chegou, arrasta-pé, de Cecéu;
Carcará, baião, de João do Vale e José Cândido, ressaltando a voz de Ermelinda/Ana Paula; e
Praça dos Seresteiros, toada, de Antônio Barros e Oséas Lopes.