Cartaz do primeiro filme da série Trinity (1970)
Subgêneros dos filmes Westerns Spaghetti, os filmes da franquia Trinity transformaram o Velho Oeste em comedia pastelão no início dos anos 70 na Itália, com conteúdo de humor e pancadaria, à semelhança dos Trapalhões no Brasil. Por trás da maioria desses filmes houve diretores promissores, que depois vieram a fazer filmes de faroeste clássico, como Sergio Corbucci, Enzo Barboni e Lucio Filci. Este vindo a se tornar um mestre em filme de terror. E Corbucci responsável pela obra-prima fantasmagórica do gênero, DJANGO (1966), com o novato ator Franco Nero numa memorável atuação.
Em pleno auge da contracultura, Trinity se apresentava como um típico hippie vagabundo, vestindo roupas velhas e rasgadas, coberto de poeira do deserto dos pés à cabeça. Para as longas travessias do Velho Oeste, ele usa uma “cama índia” (espécie de padiola), puxada pelo seu obediente cavalo.
O primeiro filme da série a estrear Lo Chiamavano Trinita (1970), traduzido no Brasil para Meu Nome é Trinity, tendo como novidade o pistoleiro mais rápido do gatilho no Velho Oeste, Terence Hill, e seu parceiro brutamonte, Bud Spencer, que formaram uma dupla extremamente marcante do subgênero Western Spaghetti macarrônico.
Terence Hill, antes de fazer esses filmes de paródia western spaghetti, teve um inicio bastante promissor e atuou com destaque no clássico do grande diretor Luciano Visconti, no elogiadíssimo filme “IL GATTOPARDO” que tem como astros principais, nada menos que Burt Lancaster, Alain Delon, Claudia Cardinale. Nesse filme Terrence Hill faz um personagem militar amigo do personagem interpretado pelo ator Alain Delon.
Caio Pedersoli e Mario Girotti, ou Terence Hill e But Spencer, respectivamente, para atuarem nos Trinity, adotaram nomes artísticos em inglês e alcançaram um sucesso bastante significativo, principalmente a partir da produção Trinity é Meu Nome (1970). A dupla seguiu atuando junto em diversos longas do faroeste macarrônico italiano, com uma sintonia que ultrapassava as telas e materializava a participação dos dois como parceiros insubstituíveis.
As paródias e versões cômicas no subgênero trouxeram um ar novo ao cinema italiano, mas de nada serviram para a continuidade do subgênero inspirado nos longas americanos. Mesmo sendo responsáveis por tornar a parceria dos atores internacionalmente conhecida, os filmes contavam cada vez mais com uma produção de baixa qualidade. Os longas metragens perdiam suas características à medida que eram encharcados dehumor lugar-comum.
Os filmes foram se afastando do que inicialmente havia sido o spaghetti western que chegou a preocupar críticos por ameaçar o western tradicional. Os cômicos ainda atraíam multidões em busca dos títulos de faroeste italiano, mas, com o passar dos anos, nenhum desse longa se tornou um verdadeiro clássico, como os de Sergio Leone ou Sergio Corbucci. Se nos anos de glória do subgênero – entre 1966 e 1971 – se produziram mais de 70 longas, no ano de 1973 apenas dois filmes foram lançados.
O certo é que os faroestes macarrônicos, ou western spaghettis, tiveram seu apogeu a partir de 1970 quando foi lançado Trinity é Meu Nome, que alcançou grande sucesso de público e bilheteria.
Depois do grande sucesso de Chamam-me Trinity os italianos lançaram outros longas metragens com a mesma dupla Terence Hill e Bud Spencer vivendo os mesmos personagens da fita anterior em outra sátira cômica, com o diretor ENZO BARBONI, que fazia uma paródia atacando e destruindo os velhos mitos do Velho Oeste, de pistoleiros a jogadores. Bem mais engraçada que a anterior, este Trinity não deixa nada sem deboche e extasia de tanto rir a dupla Terencer Hill e Bud Spencer, que esbanja simpatia.
Trinity, Terence Hill, é um andarilho e pistoleiro que acaba chegando à cidade na qual Bambino (Bud Spencer), seu irmão é ladrão, e está disfarçado, atuando como Xerife local. Eles tentam passar despercebidos, mas tudo dá errado quando se envolvem em um conflito de terras entre um grupo de mórmons e um grande barão local, que deseja se apropriar dos territórios dos colonos.
Além dos icônicos Terence Hill e Bud Spencer, participaram de “Trinity é o Meu Nome” os experientes Steffen Zacharias (figura constante nos filmes da dupla de protagonistas), Dan Sturkie e Farley Granger e os então novatos Ezio Marano, Gisela Hahn e Elena Pedemonte. A trilha sonora do filme, um dos componentes centrais de qualquer bom faroeste, ficou a cargo de Franco Micalizzi (este foi justamente seu primeiro grande sucesso). Para quem se pergunta quem foi Franco Micalizzi, basta dizer que ele foi autor das músicas de “Italia a Mano Armata” (1976), reverenciada em “Django Livre” (Django Unchained: 2012), de Quentin Tarantino.
O êxito de “Trinity é o Meu Nome” incentivou Enzo Barboni a lançar, já no ano seguinte, a continuação de sua trama. “Trinity Ainda é o Meu Nome” (Continuavano a Chiamarlo Trinità: 1971) contou com a mesma dupla de protagonistas. O êxito da nova empreitada foi ainda maior. Na Itália, a segunda parte da série cinematográfica alcançou 14,5 milhões de espectadores. Nos Estados Unidos, Canadá e Europa, a nova comédia também arrecadou mais do que a versão original.
Estima-se que nos anos 1970 foram produzidos dezenas de filmes com a marca Trinity, mas apenas dois ultrapassaram as fronteiras da Itália com crítica e público favoráveis: Trinity é Meu Nome (1970) e “Trinity Ainda é Meu Nome” (1971), ambos dirigidos por Enzo Barboni, pseudônimo de E.B. Clucher, tendo como atores principais a dupla de grande popularidade Terence Hill e Bud Spencer. Mas depois foram perdendo público e crítica pela baixa qualidade das produções, baixo orçamento e falta de criatividade dos realizadores. Sua arte inovadora deu lugar a histórias fáceis e sem graça.
a) TRINITY É O MEU NOME – TRAILER
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b) Trinity é meu nome. Clique aqui para ver o filme completo