Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Pedro Malta - Repentes, Motes e Glosas sábado, 16 de março de 2024

TRÊS POEMAS DE POMPÍLIO DINIZ (POSTAGEM DO COLUNISTA PEDRO MALTA)

 

A REVOLTA DOS MACACOS, COM ROLANDO BOLDRIN

 

 

* * *

TRASTE RUIM

Tem gente no mundo assim
Só vê mardade e injustiça
Ninguém presta, tudo é ruim
Cum todo mundo ele inguiça
E faiz logo sururú
É taliquá o urubú
Qui só fareja carniça

No chiquêro da mintira
Joga lama em quarqué nome
É como o porco que vira
A gamela aonde come
Uma ração farta e boa
Pru riba até da pessoa
Qui vem matá sua fome

Seu coração é um pote
Aonde se ajunta a peçonha
Da cobra que dá o bote
Naquele fúria medonha
Dispois se esconde e se enrosca
Cuma quem sintiu a cósca
Do remorso e da vergonha

Só véve má sastifeito
E a todo mundo detesta
Só ele num tem defeito
Só ele é pessoa honesta
E esse irmão de Caim
É cuma um pau de cupim
Que nem pru fogo num presta

Pois gente assim tem o dão
E a pretensão miseráve
De num gostá do qui é bão
Ou do qui seja agradáve
É Cuma uma ave agorenta
Que onde abre o bico afujenta
Toda alegria das ave…

Só fala em morte e em duença
E noutras coisa pió
Sua alma é cumu uma dispensa
Qui só tem muafo e pó
Vê tudo preto e vermeio
E traiz nos zóio os ispeio
Do mais triste por do só…

* * *

O FERRÊRO

Seu doto, eu fui ferrêro
Eu trabaiei sem cansaço
Martelano férro e aço
Na bigorna e no brazêro.
Nessi trabaio grossêro
Maiano férro, maiano
E sempre me lastimano
Dessa vida de ferrêro

Ví um dia um lenhadô
E gostei du seu trabaio
Abandonei o meu maio
Minha bigorna parô
Aí entonçe dotô
Eu tumei ôto rotêro
Eu dexei dí sê ferrêro
E mi tornei lenhado

Trabaiano di machado
Nu meio daquelas brenha
Nos mato cortano lenha
Ganhano meu pão suádo
Esse trabaio pesado
Calos de sangue dexô
Nessas mão de lenhadô
Trabaiano de machado

Um dia vi um pedrêro
Um mesti di cunstrução
Ganhando tombém seu pão
Num sirviço mais manêro
Invejei o cumpanhêro
O meu machado parô
Deixei di sê lenhadô
E me tornei um pedrêro…

De prumo e cuié na mão
Eu cumeçei trabaiá
Dia e noite sem pará
Pra mode ganhá meu pão
Disimpenhando a função
No serviço rutinêro
Da prufissão de pedrêro
De prumo e cuié na mão

Um dia vi o pintô
Trabaiano de pincé
Parei a minha cuié
Meu prumo também parô
A minha vida mudô
Entonçe mais que ligêro
Eu dexei di sê pedrêro
E me tornei um pintô

Pintano, sempre pintano
Cuntinuei a vivê
Cumprindo com meu devê
Trabaiano, trabaiano
Meu pão suado ganhano
Nessa vida de pintô
E de tudo quanto era cô
Pintano, sempre pintano

Um dia vi o escritô
Criano da sua lavra
Cum a tinta, as palavra
Num quadro de mais valô
Aí eu dexei de sê pintô
Abandonei meu pincé
Agarrei pena e papé
E me tornei escritô…

Viajei o mundo intêro
E tudo quanto ia veno
Fui iscreveno, iscreveno
Secano muitos tintêro.
Eu qui já fui bom pedrêro
Eu qui já fui lenhadô
Pruquê tornei-me escritô
E dexei di sê ferrêro?


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