TRANSANDO COM O MALDITO
Paulo Azevedo
Relato de uma leitora aflita:
– Xandi, anjos fazem sexo?
– Diabo era anjo rebelde – filosofei.
– Pois acho que transei com o capeta!
– Como assim? Conte-me esse lance?
– Transei uma vez com um rapaz, foi algo louco, surreal, inusitado, quente, prazeroso, jamais repetido. Foi na festa de trinta anos de uma amiga de infância. Festão, duzentos convidados, música ao vivo, muita bebida e comida, pessoas lindas e divertidas.
Era numa mansão, a festa foi na beira da piscina enfeitada com balões coloridos. Chegamos três amigas juntas, todos lindas no auge dos trinta anos, vestidos com decotes, saltos altos, realmente estávamos lindas, deslumbrantes. Eu tinha saído de um relacionamento frustrante, vinha sofrendo uma fossa terrível, tinha emagrecido seis quilos em duas semanas, insônia e muitas lágrimas
Ansiava por me livrar daquela dor, aquela paixão doentia que parecia querer me matar. De repente, começou a tocar aquela música da Rita Lee, Menino Bonito. Eu, nesse momento, estava sozinha, com meu espumante na mão, e uma lágrima no rosto, quando senti um toque no meu ombro, acompanhado de um sorriso quase infantil:
– Oi, vamos dançar? Essa lágrima está me incomodando!
Enxuguei a lagrima, sorri e fui dançar. Nefisto – era esse seu nome – me acalentou em seus braços, me protegeu, falou no meu ouvido que meu cabelo estava lindo, adorou meu esmalte, disse que o decote das minhas costas traduzia meu caráter, forte e firme e, por fim, falou que adorou meu perfume.
Ficamos dançando, música atrás de música, eu já estava entregue. Depois de seis meses, estava viva, desejando outro corpo. Me pegou pelas mãos e entramos na casa de festa. Fomos à toalete, ele trancou a porta, colocou uma das minhas pernas em cima da pia, agachou-se, afastou minha calcinha para o lado e começou a chupar minha xoxota. Minhas pernas tremiam. Levantou-se e beijou minha boca, beijo gostoso com gosto de vagina. Fez-me gozar com uma siririca. Levantou meu corpo e sentou-me na pia, abaixou as calças me enfiou lentamente aquela pajaraca dura xoxota adentro. Me chamava de linda e gostosa, enquanto eu cantava baixinho no ouvido dele: "seu olhar é simplesmente lindo, mas também não diz mais nada menino bonito".
Quando vi, ele estava chorando. Enxuguei-lhe as lágrimas com um beijo. Transamos até ambos gozarmos ali no banheiro. Dançamos mais um pouco, ele se despediu, e eu aceitei.
Comentei com minhas amigas, e ninguém viu o Nefisto, ou sabia quem era Nefisto. Escafedera-se! Sumira no ar , igual a peido de aviador!
No dia seguinte, acordei sem aquela paixão que me atormentava, estava livre! Quando liguei o rádio do carro tocava: "Lindo, eu meu sinto enfeitiçada, correndo perigo, seu olhar é simplesmente lindo, mas também não diz mais nada, menino bonito..."
Acho que Nefisto, o menino bonito, era um anjo rebelde, ou o capeta, se é que me entendem!