TRANSANDO COM GAROTO DURO, MAS REQUINTADO
Paulo Azevedo
Diálogo com socialite quarentona e desinibida:
– Xandi meu querido, vou entrar em uma furada, mas valerá a pena. Estava precisando de uma paixão. Estou cansada de sexo furtivo e fugaz. Sabe aquele rapaz que te apresentei no sábado, lá no supermercado?
– Sei. Bonitão e simpático.
– Pois é, aquele filho da puta transa pra cacete, carinhoso, educado, mas é furada, Bino.
– Por quê?
– Novinho demais, está começando a vida, trinta anos, duro igual a coco, tenho que ficar bancando tudo, aí não dá.
– Trinta anos, já é homem, ou deveria ser – afirmei.
– Que nada, essa geração ainda mora com a mãe, não tem emprego definido. Mas vou curtir, aos quarenta e nove anos, dois casamentos, uma filha de dezessete, que se foda, vou pensar em mim. Agora, deixa te contar a imundície. O cara me come com requinte. Tenho acordado todos os dias cantando. Voltei até pra academia, a gente tá transando todo dia, tinha esquecido o que era tomar pirocada todo dia. Estamos há um mês e meio nessa loucura, voltei até ter ciúmes, virei menina. Que delícia!
– Quê? Como é comer com requinte, come pedindo licença e de luvas brancas? “Gaivota, por favor, agora vou introduzir em você”...
– Deixa de ser velho ridículo. Come com vontade, fode mesmo. Me sinto comida integralmente. Come meu corpo e minha alma. Faz de tudo e deixa fazer tudo. Adoro dar linguada na bunda, ele deixa; adoro que goze na minha boca, ele faz; peço que fale das mulheres que ele já comeu durante a foda, ele fala; chupa meu dedão do pé que é uma coisa; é carinhoso, não tem pressa; pirocudo, mãos grandes, chupa xoxota como poucos, dá até aquela lambida na virilha, até já fomos a um clubinho de swing só para olhar e para finalizar, só goza depois de mim, Ivan é uma paixão. Sem contar que faz uma massa e entende de vinhos. Só faltou gostar de literatura e cinema.
– Mas aí seria um deus. Ninguém é perfeito.