As fotografias, em preto e branco, estão perdidas num álbum antigo, empoeirado e guardado no fundo de uma gaveta poucas vezes aberta. Agora, tudo se dá no momento, na ponta dos dedos, no diafragma automático, exposição definida e programada pela própria máquina. A tecnologia se encarrega de buscar a luz adequada, o ângulo perfeito, o bom enquadramento. Se, apesar de tudo, não ficar bom, corrige-se depois: técnicas há para isto. O digital esqueceu o papel e a arte se escondeu no progresso técnico. Restou, apenas, a visão obturada de papéis amarelados pelo tempo, com vincos de saudade, riscados de ontem. Já não mais há revelações. Foram-se a luz e a velocidade deixando quimeras, utopias e delírios em close-up.