Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Música do Sul terça, 15 de novembro de 2016

TEIXEIRINHA, O REI DO DISCO

TEIXEIRINHA, O REI DO DISCO

Raimundo Floriano

 

Três momentos de Teixeirinha 

                        Vítor Mateus Teixeira, o Teixeirinha, cantor, músico e compositor, nasceu em Rolante (RS), a 03.03.1926, e faleceu em Porto Alegre (RS), a 04.12.1985, aos 59 anos de idade.

 

                        Filho de carreteiro, tinha 6 anos de idade quando seu pai morreu. Três anos depois, perdeu a mãe, vítima de um incêndio, e passou a sustentar-se como entregador e vendedor ambulante.

 

                        Lançou-se artisticamente em circos e emissoras gaúchas do interior, apresentando-se depois em Porto Alegre, onde começou a obter popularidade cantando em churrascarias e programas folclóricos, acompanhando-se ao violão. Fazendo programa na emissora de Passo Fundo, recebeu convite para gravar em São Paulo (SP), estreando na Chantecler, em 1959, como intérprete e autor de Xote Soledade e Briga no Batizado.

 

                        Seus primeiros discos não obtiveram repercussão, mas, em 1961, Teixeirinha tornou-se sucesso nacional, com o lançamento, pela gravadora Copacabana, de Coração de Luto, toada em que narrava a morte da mãe.

 

                        Ainda em 1961, excursionando por cidades gaúchas, conheceu, em Bagé, a menina Mary Terezinha, nascida em Tupanciretã (RS), a 30.03.1948, acordeonista e cantora na rádio local, que se tornou sua acompanhante efetiva e parceira amorosa, numa carreira que durou por 22 anos.

 

                        Obtendo enorme popularidade como autor e intérprete de um gênero misto de regionalista e sertanejo dirigido a público bastante específico, passou a atuar no cinema, produzindo cinco filmes, dos quais foi também o argumentista e o ator principal. O primeiro foi o autobiográfico, Coração de Luto, de 1966, seguindo-se Motorista Sem Limites, de 1969, Ela Tornou-se Freira, de 1971, Teixeirinha a Sete Provas, de 1972, e Padre João, de 1974. Sua filmografia inclui participação em sete outras peças de diretores diversos.

 

                        Teixeirinha e Mazzaropi foram os maiores fenômenos populares do cinema sul-americano regional. No caso do cantor gaúcho, seus filmes chegaram a superar 1,5 milhões de espectadores, obtidos apenas nos três Estados sulistas: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Eram, em sua maioria, co-produzidos por distribuidores e exibidores locais, que lhes asseguravam a permanência em cartaz.

 

                        Com mais de 40 elepês gravados e autor de cerca de 700 músicas, comandou na Rádio Farroupilha, de Porto Alegre, os programas Teixeirinha Canta Para o Povo do Brasil e Teixeirinha Amanhece Cantando.

 

                        Teixeirinha ficou também conhecido como Rei do Disco, pelos recordes de vendas que conseguiu e consegue até hoje, mesmo já falecido. Com extensa discografia, muitas de suas gravações ainda podem ser encontradas nos sites virtuais do mercado fonográfico. Obteve ele um recorde de venda de discos, sendo que, até 1983, lançou 70 elepês e vendeu 88 milhões de cópias. Estima-se que, até os dias atuais, tenha ultrapassado a marca de 120 milhões de cópias em todo o mundo.

 

                        Teixeirinha deixou 7 filhas e dois filhos: Sirley, Líria Luisa, Victor Filho, Margareth, Elizabeth, Fátima, Márcia Bernadeth, Alexandre, e Liane Ledurina.

 

                        Sendo ele um dos maiores músicos brasileiros, morreu precocemente no dia 4 de dezembro de 1985, vítima de câncer, e foi sepultado no Cemitério da Santa Casa em Porto Alegre.

 

                        Em reconhecimento por seu belo e profícuo trabalho em prol da MPB, especialmente da regional gaúcha, sua vida foi até transformada em histórias em quadrinhos.

 

                        Numa demonstração do quanto era alegre a maioria das músicas com que nos brindou, vejamos a engraçadíssima letra de Cobra Sucuri, polca de Gildo de Freitas:

 

Eu às vezes tô me lembrando

De um bom compadre que eu tinha

Valente como um diabo

Pior que galo de rinha

Quando o compadre puxava

Sua faca da bainha

Até a própria polícia

Prometia mas não vinha.

 

Me contou um morador

Lá do Rio Gravataí

Que na costa desse rio

Ninguém mais pescava ali

Porque diz que aparecia

Uma cobra sucuri

E aquela cobra fazia

Todos pescador fugir.

 

Eu contei pro meu compadre

Ele garrou pegou a ri

Convidou pra nós ir lá

E eu já me arrependi

Pra ele não embrabecer

Eu fui obrigado a ir

Lá na costa desse rio

Ver a cobra sucuri.

 

Nós chegamos na barranca

Eu senti um arrepio

Mas quando eu vi a cobra

O meu compadre também viu

A água fez uma onda

Na onda a cobra sumiu

E ainda por desaforo

Deu uns quatro ou cinco pio.

 

Meu compadre vendo a cobra

Já foi largando as tamancas

Deu um jeitinho no corpo

E da sua faca arranca

A cobra veio piando

Veio subindo a barranca

E eu também já fui subindo

Num pé de figueira branca.

 

Lá de cima eu tava vendo

Como um homem se desdobra

Aí vi que o meu compadre

Tinha destreza de sobra

Ele foi dando um jeitinho

Foi fazendo uma manobra

Em vez da cobra comer ele

Ele é quem comeu a cobra.

 

Depois da cobra comida

Meu compadre embranqueceu

Olhou para mim e disse

Por que foi que tu correu?

Ora, ora meu compadre!

Tu bem sabe quem sou eu

Eu tava louco de medo

Da cobra que tu comeu!

 

                        Ouçamos um pouco das gravações de seu riquíssimo repertório: 

                        Coração de Luto, toada de sua autoria:

 

                        Briga no Batizado, polca de sua autoria:

 

                        Desafio, batidão de sua autoria, com a participação de Mary Terezinha:

 

                        Saudade de Passo Fundo, xote de sua autoria:

 

                        Cobra Sucuri, polca de Agildo de Freitas:

 


Escreva seu comentário

Busca


Leitores on-line

Carregando

Arquivos


Colunistas e assuntos


Parceiros