Vivia do amor desde a adolescência distante no interior bem interior. Até que uma ‘bondosa’ alma levou a menina esbelta para uma cidade maior, dando-lhe abrigo e um lugar, a que chamava de quarto, onde guardava suas poucas coisas e recebia a ‘clientela’ para o exercício de seu ofício tão cheio de desesperada sofreguidão. Vendia amor. E assim foi sua vida: carinhos falsos recebidos e reciprocados em proporção maior, na maior parte das vezes. Fingir era preciso. Poeticamente, fingia. E fingia tão bem fingido que chegava a pensar que era amor o amor nunca sentido. Pessoa que lhe conceda perdão. Muito mais que a paga final, agradava-lhe a eventual palavra de alguns homens, afiada e cortante como faca, mas verdadeira e real como a vida. Tinha plena ciência de que, logo, logo, a cortina se fecharia. Definitivamente. Sem aplausos. Sem luz. Será quando restarão apenas as palavras que lhe foram presenteados na última noite, fria, sem gozo. O derradeiro ato estará encerrado e a vida daquela mulher, então não mais esbelta, será transportada para outro plano. Talvez menos glamoroso, certamente menos sofrido.
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