24 de junho de 2021 | 05h00
O Teatro Municipal de São Paulo vai apresentar três óperas no segundo semestre, parte de uma programação com trinta programas diferentes que vão ocupar o palco mas também outros espaços na cidade. A partir deste final de semana, o teatro retoma as apresentações presenciais, com recital do Quarteto de Cordas da Cidade.
Concorrente questiona objetividade na seleção de entidade para gestão do Teatro Municipal
A temporada até o final do ano foi anunciada na tarde de terça, 22, e é a primeira preparada pela organização social Sustenidos que, desde o final de maio, é oficialmente a nova gestora do Municipal e de seus corpos artísticos, com um contrato de cinco anos e um orçamento de cerca de R$ 600 milhões.
O edital de chamamento levou mais de seis meses para ser finalizado e se encerrou com a vitória da entidade – o Instituto Baccarelli, segundo colocado na disputa, entrou na semana passada com uma representação no Tribunal de Contas do Município pedindo a revisão do resultado e ainda aguarda uma determinação da corte.
A temporada segue a linha que vinha sendo adotada pela gestão anterior, capitaneada por Hugo Possolo, tanto como diretor artístico quanto como Secretário Municipal de Cultura (ele hoje ocupa a presidência da Fundação Theatro Municipal). Os espetáculos propõem o diálogo entre diferentes manifestações artísticas e a manutenção da série Novos Modernistas; também foi mantida a série que leva ao espaço peças de teatro.
“A programação está alinhada com as diretrizes gerais da política cultural do município, como não poderia deixar de ser”, diz Alessandra Costa, diretora executiva da Sustenidos. “Fomos escolhidos para gerir o Complexo Theatro Municipal justamente porque nossos princípios organizacionais têm muitos pontos de convergência com as diretrizes gerais da política cultural: diversidade, vanguarda, excelência, democratização do acesso. Não se trata de atender a um modelo preestabelecido, mas são as premissas com as quais trabalhamos há anos e que fundamentaram as escolhas da programação.”
Segundo Alessandra Costa, a programação foi montada a partir de conversas com os corpos artísticos e consultores da Sustenidos. O teatro tem agora uma nova superintendente, Andrea Saturnino, e não está prevista a nomeação de uma direção artística. “Estabeleceremos um comitê curatorial multidisciplinar para começar a pensar na programação de 2022. Nosso ponto de partida será o reconhecimento da potência dos Corpos Artísticos e dos indivíduos que os integram. Também faremos editais internos e externos para trazer novas possibilidades de programação que não haviam sido imaginadas pela equipe.”
O teatro vai apresentar três óperas: em setembro, Maria de Buenos Aires, de Astor Piazzolla, com direção cênica do cineasta Kiko Goifman; e, em novembro, The Rake’s Progress, de Stravinski, colaboração artística de Maria Thais e Julianna Santos. O terceiro título, A Voz Humana, de Poulenc, em outubro, será combinado com Ópera Aberta Para Cantora e Halterofilista, de Gilberto Mendes.
Estão previstas ainda intervenções urbanas, com a ópera como tema, por parte do coletivo teatral BijaRI, assim como o projeto Cine-Ópera, com projeções de óperas em diferentes pontos da cidade, ao ar livre, pare celebrar os 110 anos do teatro.
Na série Novos Modernistas, haverá uma apresentação dos Waujá, indígenas do Alto Xingu, e da obra Icamiabas, de João Guilherme Ripper, e concerto com obras de autores brasileiros em diálogo com intervenção do artista Ibã Huni Kuin.
A Orquestra Sinfônica Municipal fará onze programas ao longo do ano. O Quarteto da Cidade de São Paulo fará sete recitais, o Coro Lírico, três apresentações, e o Coral Paulistano, agora dirigido oficialmente pela maestrina Maíra Ferreira, quatro. O Balé da Cidade vai estrear coreografias para lugares abertos. E a Orquestra Experimental de Repertório fará um programa infantil em parceria com o grupo Giramundo.
Além dos espetáculos que serão realizados em espaços públicos, os corpos artísticos farão apresentações em teatros de bairro. “A ampliação e a diversificação do público têm que levar em consideração um fluxo dos corpos artísticos e outros projetos por diferentes áreas da cidade, mas também a vinda de moradores de diferentes regiões ao teatro”, diz Costa. “Acabamos de implantar uma nova gerência que cuidará da Formação, Acervo e Memória da instituição, e que, junto com a equipe de programação, terá de pensar nessas estratégias de ocupação da cidade. O próprio centro de São Paulo já é um universo, em termos das comunidades que estão representadas ali. A instituição tem que se deixar permear por este contexto.”