Francisquim de Quixadá é seu nome, rabiscar versos no juízo e chamá-los de Poemas, seu ofício. Assim, ajuda a vulgarizar o título, a banalizar a expressão: hoje, todos são Poetas, todos se tratam por Poetas, como se Poetas fossem. Assim como Francisquim, que se diz Poeta, se acha Poeta e adora por esse título ser tratado. Faz uns versinhos, de quando em vez, utiliza rimas paupérrimas e é desobediente nos quesitos métrica e ritmo em seus poemas (se é que assim podemos chamá-los). Não apenas pés, mas versos de pés, mãos, pernas e braços quebrados. Versos ortopédicos, digamos. Tampouco podem seus pretensos versos ser classificados como modernos, tão banais que são. Francisquim, o de Quixadá, é tão Poeta quanto aquele seu xará, o de Baturité, igualmente pouco afeito às rimas e aos versos. Incautos insistem em chamá-los de Poeta e o de Quixadá, de peito cheio e ego lotado, diz, num autoelogio, ser o Poeta mais importante de sua rua. Ele não mente: Na rua em que mora só há uma casa, a sua. E ele mora só. Não tem concorrentes. Mas os dois Francisquins são gente boa. Apebnas n]ão merecem o título de Poeta. Salve Louro do Pajeú, Pinto do Monteiro, Patativa do Assaré, Manoel Bandeira, Manoel de Barros, João Cabral de Melo Neto, Carlos Penna Filho. E apenas para que não restem dúvidas e repetindo o que já disse em crônicas anteriores: me incluo entre os indevidamente chamados de Poeta. Não sou nem tenho a menor pretensão de sê-lo. Apenas escrevo, de quando em vez, letras de música popular. Sou, digamos, o Francisquim do Crato. Poeta é uma coisa muito maior. Coisa para gente da estatura de um Neruda, de um Fernando Pessoa, além daqueles antes citados. Viva quem é Poeta de verdade!
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