Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense sexta, 16 de agosto de 2019

TAGUATINGA: MERCADO SUL É CULTURA

 

Mercado Sul é da cultura
 
Um dos principais polos artísticos do DF, o local será palco do Arraiá do beco, neste sábado. Conheça um pouco da luta e dos artistas que investem na economia criativa da cidade

 

» BRUNA LIMA

Publicação: 16/08/2019 04:00

Mercado Sul: patrimônio cultural taguatinguense, que luta para ser preservado (Vinicius Cardoso Vieira/Esp. CB/D.A Press)  

Mercado Sul: patrimônio cultural taguatinguense, que luta para ser preservado

 



As coloridas vias do Mercado Sul ganham ainda mais ritmo, cheiros, sabores e vida no próximo sábado. O tradicional Arraiá do Beco chega à 9ª edição trazendo muita música, artesanato, apresentações artísticas e comida boa na QSB 12/13, em Taguatinga Sul. A festa colaborativa, produzida pela comunidade, é expressão cultural, política e de economia solidária do complexo que, ao longo dos anos, trouxe novo significado para as edificações abandonadas do antigo centro comercial de Taguatinga (leia Entenda o caso).
 
O evento conta, desta vez, com um apelo político e de resistência cultural ainda maior. Por meio dele, a comunidade local quer chamar a atenção das autoridades para conseguir a concessão de uso das 14 lojas ocupadas desde 2015. O espaço estava abandonado há quase duas décadas, o que comprometia a segurança e a saúde pública. É o que afirma o mímico e educador Abder Paz, 32 anos, que há 13 anos mora, trabalha e milita no Mercado Sul.
 
“Eram locais lotados de lixo, bichos e com foco de dengue. Abrimos as lojas porque faltava espaço para os artistas se instalarem e produzirem, investindo na economia criativa. Cumpre-se, assim, um propósito social que antes não existia”, justifica.
 
O Coletivo Mercado Sul Vive, articulação que nasceu a partir da ocupação, recentemente moveu uma ação civil pública chamando o Governo do Distrito Federal (GDF) a se responsabilizar pelo projeto. Na segunda-feira (19), uma audiência de conciliação vai discutir a situação. “As autoridades reconhecem a importância do espaço como fomentador da cultura popular brasileira e, por isso, pedimos o apoio formal à causa. Esperamos que o GDF vá para essa audiência com um norte, valorizando esse espaço efervescente, que respira, vive e faz cultura em Taguatinga”, diz Abder.

Abder Paz:  

Abder Paz: "As autoridades reconhecem a importância do espaço como fomentador da cultura"

 


Juraci é vocalista e percussionista da banda Som de Papel, que se apresenta sábado
 (Vinicius Cardoso Vieira/Esp. CB/D.A Press)  

Juraci é vocalista e percussionista da banda Som de Papel, que se apresenta sábado

 


Virgílio com  André Luis: ateliês de artesanato que geram renda e emprego (Vinicius Cardoso Vieira/Esp. CB/D.A Press)  

Virgílio com André Luis: ateliês de artesanato que geram renda e emprego

 

 
Festa
 
O Arraiá do Beco ocorre todo ano em agosto e é uma edição especial da Ecofeira, evento mensal que nasce a partir da ideia de comercializar os produtos dos moradores locais da região. Sem apoio financeiro, a comunidade se sustenta com base na economia solidária, desde a produção de artesanatos à cultura, que resgata as raízes brasileiras, com ênfase nas matrizes africanas e nordestinas.
 
É da música que Juraci Moura, 45, tira o sustento dele e da família. Encontrou no Mercado Sul o polo para estudar, produzir e transmitir conhecimento artístico. “Faço meus instrumentos, vendo, toco, dou aula, oficinas e workshop. É meu estilo de vida, meu sustento, diversão. Minha liberdade veio por meio da música”, revela.
 
Juraci é vocalista e percussionista da banda Som de Papel, que se apresenta gratuitamente no sábado, ao lado de outros nove grupos (veja a programação completa). Todos os instrumentos de percussão são de produção dele, e o forro das peças é uma colaboração do trabalho de Virgílio Mota, 68, artesão que produz móveis e utensílios com papelão e sacos de cimento há 13 anos.
 
“Aqui a gente constrói junto, convive, sobrevive, luta um pelo outro. Isso aqui é uma família”, destaca Virgílio.
 
O artesão garante ter prazer no ofício, que divide com outros funcionários, como André Luis Salomão, 44. Na juventude, ele ficou entre a vida e a morte após ser atropelado por um ônibus e precisou encarar anos de reabilitação. Encontrou no Mercado Sul, ao lado de Virgílio, uma forma de reconstruir as próprias perspectivas. “Eu faço o acabamento dos instrumentos. Gosto muito da minha função, das pessoas e de tudo que o Mercado Sul é e faz.”


9º Arraiá do Beco 
Data: amanhã, 17 de agosto
Local: QSB 12/13 – Taguatinga Sul
Horário: das 15h às 23h
 
Atrações
» 15h Praça dos Mamulengos
» 16h Duo Ana Flor
» 17h Coral e Orquestra Experimental Voz Jovem
» 18h Baque Mulher BsB
» 18h Jongo do Cerrado (Palco Paralelo)
» 19h Raíz de Macaúba
» 20h Galeria Instrumental
» 21h Pé de Cerrado
» 22h Som de Papel
» 23h Forró do B.


Entenda o caso

Preocupação com a identidade


O Mercado Sul foi construído na década de 1950, sendo um dos primeiros centros comerciais do DF, e tinha como foco os candangos. O local funcionava como uma feira livre, com armazéns, armarinhos, açougues, lanchonetes. Com a chegada dos grandes supermercados, a área caiu no abandono e, nos anos 1980, se tornou um reduto da boemia, o que começou a atrair a classe artística.

Uma década depois, o Mercado Sul se firma como grande ponto cultural do DF, atraindo centenas de artistas e artesãos de todos os cantos. Em fevereiro de 2015, ocorreu a ocupação do espaço com a apropriação dos boxes ociosos pelos moradores e trabalhadores locais, que os utilizam para criação de ambientes de trabalho colaborativos e sustentáveis, como ateliês e cozinha comunitária.

A comunidade, em conjunto com o Coletivo Mercado Sul Vive, se empenham na missão de consolidar essa ressignificação do espaço como forma de geração de renda e preservação do patrimônio cultural brasileiro. Atualmente conta com ambientes artísticos, moradias, ateliês, oficinas, teatros e mais uma série de atividades.
 
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