Morto, dentro da fria sepultura,
Sem te poder falar?
E tu que me amas, boa criatura,
Indo me visitar...
Banhada de suspiros, de soluços,
Desmaiada, talvez...
Muita vez reclinada, até de bruços,
Na altura dos meus pés...
Pedindo a Deus o meu viver eterno
Junto das glórias suas;
Que me livre das penas do inferno,
E a chorar continuas,
Lembrando nossa vida, a todo instante,
Repassada de dor...
A lembrar-te que fui o teu amante
— O teu único amor!
Mal pensando na horrífica caveira,
Em que me transformei,
Exausto de fadiga, de canseira,
Imaginar não sei...
Para evitar essa hora amargurada,
Esse quadro de dor, tão verdadeiro,
Deus há de ser servido, minha amada,
Que tu morras primeiro!...