— Eu sou morena, isso é bem óbvio — disse Naomi nesta quinta-feira no Aberto da Austrália.
Quarta melhor no ranking mundial, ela disputa nesta sexta-feira a final do campeonato de tênis.
A propaganda da Nissin, criada para o mercado japonês e que viralizou em redes sociais, foi retirada do ar. E a companhia divulgou um pedido de desculpas “por não ter sido sensível o suficiente”.
Na campanha publicitária, Naomi, que é filha de pai haitiano e mãe japonesa, é a personagem principal de um anime criado pelo famoso artista Takeshi Konomi, criador do “Príncipe do tênis” um mangá popular no Japão.
Naomi afirmou que a Nissin se desculpou diretamente com ela.
— Não acredito que eles tenham feito isso de propósito, com o objetivo de embranquecimento ou nada parecido. Mas acho que, da próxima vez que quiserem usar a minha imagem de alguma forma, acredito que deverão conversar comigo antes — comentou ela.
Aos 21 anos, Naomi foi a primeira japonesa a ganhar um torneio Grand Slam de simples, ao derrotar a americana Serena Williams na final do US Open de 2018. E é querida no país justamente por ter desafiado uma tendência nacional de valorizar a homegeneidade étnica do país.
Naomi nasceu no Japão, filha de pai meio haitiano e meio americano e de mãe japonesa. Ela se mudou para os Estados Unidos aos 3 anos de idade e, em muitas entrevistas coletivas, prefere responder às perguntas em inglês, por não ter fluênca suficiente em japonês. Mas sempre declarou sua paixão por mangás e filmes japoneses. Ela é a quarta no ranking mundial de tênis.
A discussão sobre identidade de raça em Japão aumentou nos últimos anos, sobretudo após Ariana Miyamoto, uma japonesa com origens afro-americanas, ter ganhado o concurso de Miss Universo Japão em 2015. Ariana aproveitou a fama para levantar discussões sobre a aceitação dos “hafus”, como são conhecidos no país os japoneses mestiços.