Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Carlos Eduardo Santos - Crònicas Cheias de Graça quinta, 18 de janeiro de 2024

“SOQUE NO RABO!” (CRÔNICA DO COLUNISTA CARLOS EDUARDO SANTOS)

 

“SOQUE NO RABO!”

Carlos Eduardo Santos

Feira de Caruaru – Foto Amaraji Notícias

 

Costumo matutar sobre a inteligência e o raciocínio rápido das crianças e sendo bisavô de onze dessas criaturinhas, falo de cátedra. Somente com a “Prata da Casa” tenho material suficiente para comentar coisas tão interessantes durante agradáveis crônicas.

Devo o hábito de colecionar frases dos pequeninos ao Dr. Pedro Bloch, brasileiro naturalizado, nascido na Ucrânia, que anotava num caderno do consultório tudo quanto presenciava sobre crianças e isto deu motivo aos seus notáveis livros.

 

Pedro Bloch

 

Médico foniatra, e nas horas vagas: jornalista, compositor, poeta e dramaturgo. Publicou mais de 100 livros infanto-juvenis. Dentre as dramaturgias famosas, “As mãos de Eurídice” foi a mais encenada nos anos 50.

 

Livros de Pedro Bloch

 

Os pequeninos voltam ao palco de minhas crônicas.

Minha primeira neta, a Patrícia, hoje residente na América, quando tinha três anos, acocorou-se para apanhar um lápis e soltou um sonante “pum”. Ao ser indagada sobre o porquê, saiu-se com esta:

– É couro curto, vovô!

Certa vez, entrevistando Dumuriê, na residência dele, a netinha nos chegou meio chorosa reclamando:

– Vovô estou com muita dor de cabeça!

E Dumuriê, como bom avô:

– Venha cá, minha filha, deixe-me “ver” essa dor de cabeça.

– Pode não vovô, é dentro da cabeça.

De outra feita fui mostrar o mar ao meu sobrinho André Luiz, de cinco anos. Ao chegar à praia de Boa Viagem, ele já sem os sapatos, correu para a água molhou a mão e levando-a à boca, disse:

– Tio, quem salgou essa água toda?

O filho mais novo, aos três anos, vinha conosco no carro e estando no banco de trás, em certo momento, espichou-se até a janela do carona e vendo parado ao nosso lado um carro de funerária levando um caixão, saiu-se com esta, dando um grito inesperado:

– Motorista! Esse defunto aí atrás deve estar fedendo muito, não é?

Lulu, de três anos, presa em casa pela pandemia, sem direito a passar a manhã na Escolinha, revira todo o apartamento com o mano Pedrinho, de cinco. Nas peripécias da “dupla-dinâmica” ocorreu uma manobra mal calculada por ela e sua cabecinha foi maltratada, causando o maior berreiro.

O papai Felippe intercedeu para abrandar o drama:

– Venha cá, Lulu, deixe eu fazer uma massagem nessa cabecinha.

– Passa não papai! Só passa se você me der um “Danoninho” e me levar pra casa de vovó Juju!

Na década de 40 eu era rei, convivendo numa casa onde havia seis adultos e só uma criança. Numa jogada mal calculada, quando treinava na oficina de meu tio Tantão, dei uma martelada no dedo e tal foi a dor que corri para a cozinha à procura de apoio com a tia.

– Teteza, eu já posso chamar “Pinóia”?

– Pode meu filho. “Pinóia” o padre deixa, viu?!…

E soltei ressonante “Ora Pinóia!”, como se isso fosse um desabafo, por ser, no meu entendimento, um palavrão vingativo.

Fico agora entristecido, nestes anos do Século XXI, ao observar que os palavrões correm soltos em todas as idades e locais, não mais se respeitando nem os pais.

Outro dia, Biuzinho, filho de uma comerciante da Feira de Caruaru, ao pedir dinheiro à mãe e lhe ser negado, soltou um estridente conjunto de palavrões, sem cerimônia, o que me assombrou. Mas, era um fato recorrente bem aos modos destes infelizes “tempos modernos”:

– Puta que pariu, mãe! Pois soque seu dinheiro no rabo!…


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