SONHO OU VISÃO?
Maria Firmina dos Reis
Tu vens rebuçado
Nas sombras da noite
Sentar-te em meu leito;
Eu sinto teus lábios
Roçar minhas faces
Roçar no meu peito.
Não sei bem se durmo,
Se velo ─ se é sonho,
Se é grato visão:
Só sei que arroubada
Deleita a minh’alma
Tão doce ilusão.
Depois, um suspiro
Que cala mais fundo
Que prantos de dor;
Que fala mais alto
Que juras ardentes,
Que votos de amor,
Vem lento ─ pausado
Do imo do peito
Memorial de Maria Firmina dos Reis
Nos lábios ─ morrer…
Eu amo de ouvi-lo,
Pois desses suspiros
Se anima o meu ser.
Mas, ah! não me falas…
Teus lábios, teu rosto
Só tem um sorriso.
Depois vaporoso
Vai todo fugindo
Teu corpo ─ teu riso.
Então eu desperto
Do sonho ─ ou visão,
Começo a cismar;
E ainda acordada
Invoco em delírio.
[Falta o verso final desta estrofe, em todas as fontes]
Oh! Vem no meu sono
Imagem querida
Pousar no meu leito
Com lábios macios
Roçar minhas faces
Pousar no meu peito