Quando José Júlio nasceu, seu pai, Coronel Maurício, dono de terras a perder de vista no sertão, atendeu ao pedido da esposa, Dona Virgínia, bonita e vaidosa, não quis amamentar o filho, medo dos seios caírem, contratou uma ama de leite. Julinho, bebê bonito, rosado, sorriso permanente nos lábios, chorava ao sentir fome. Ele não gostou do leite da primeira ama de leite, uma “velha” que dava de mamar ao seu 13º filho. O jeito foi apelar para Gerusa, bela negra da fazenda, acabava de parir dois meninos gêmeos, dois mestiços, nome do pai não revelado. Entretanto, alguns sagazes perceberam a semelhança dos gêmeos, a começar pelos olhos azuis holandeses do coronel Maurício. Negra descendente de rainha africana, alta, porte elegante, seios pontiagudos, beleza, dureza, pedindo para serem abocanhados. Assim fez José Júlio quando Gerusa ofereceu os seios. Julinho mamava muito, quando lhe tiravam a ama de leite, ele chorava, chorava, só acalmava quando chupava os seios da negra. Mamou sem leite até aos 10 anos de idade, parou porque Gerusa foi sequestrada pelo namorado pistoleiro e se escafederam para bandas de São Paulo. O menino entristeceu, chorou muitas noites seguidas, sonhava mamando Gerusa.
José Júlio desenvolveu o corpo rapidamente, parrudo e espadaúdo, diziam ser consequência do leite abissínio da rainha negra. Seu pai o flagrou farejando as empregadas. Ao completar 13 anos, o coronel deu-lhe um presente, levou-o à zona em Arapiraca. José Júlio foi desvirginado por uma rapariga, Pafinha. Depois a reencontrou nos cabarés de Jaraguá.
Ao completar 32 anos, José Júlio, solteiro convicto, um dos maiores boêmios da cidade, anunciou em casa, estava a fim de casar com a nova namorada, Matilda, filha do Coronel Genuíno, dono das terras de São José da Tapera. Ótima notícia para família, quatro meses depois noivou. No dia do noivado seus pais lhe deram de presente uma casa, ou melhor, depositaram na sua conta bancaria o que hoje valeria R$ 450.000,00, para que comprasse a casa. A festa de noivado virou a noite. O casamento era de gosto das duas famílias.
Dia seguinte pela manhã, José Júlio foi ao Banco, nunca tinha visto tanto dinheiro na vida, todo seu, presentão. Filho único. De repente ele surpreendeu-se com a entrada majestosa de uma mulher, a Deusa não andava, desfilava, dirigiu-se ao caixa, todos olhavam seu generoso decote. José Júlio extasiado com aquela aparição, a mulher mais bonita, mais atraente, que já vira em sua vida. Ficou surpreso quando ela o olhou fixamente. Esperou a Deusa na calçada do Banco. Ao aparecer ele se apresentou, José Júlio Nogueira, fazendeiro, advogado. Ela sorriu, perguntou onde tomava uma cerveja nessa cidade. Julinho a levou para uma gostosa barraca de praia, conversaram e beberam toda tarde. Ela, artista de teatro, encenou uma peça no Teatro Deodoro, final da turnê estava voltando para o Rio de Janeiro, onde morava. Terminaram dormindo no Hotel Atlântico. Dia seguinte ela viajou, deixou-o enlouquecido com a noitada de amor; não saiam de sua cabeça os dois seios, duas taças, iguaiszinhos aos de Gerusa, sendo brancos.
José Júlio inventou uma viagem ao Rio. Não retornou, amou Leonor durante cinco meses, duas semanas e dois dias, até acabar o dinheiro da compra da casa. Sem a grana, ele não mais servia para a famosa artista carioca. Julinho caiu em si, escreveu duas cartas pedindo perdão, uma para os pais, outra para noiva.
Algumas semanas depois do retorno, perdoaram o vexame, José Júlio conseguiu reatar o noivado. Certa noite passeava no calçadão de mãos dadas com Matilda. Propositalmente o Coronel Genuíno esbarrou com eles, foi avisando, “Vamos marcar a data do casamento”. Em cinco meses Julinho casava-se na Catedral Metropolitana. As aventuras no Rio de Janeiro ficaram inesquecíveis. José Júlio hoje é um homem pacato, entretanto, seu coração ainda bate forte ao ver passar um belo rabo de saia. Nunca deixou de sonhar mamando Gerusa.