SONETO DA PORCARIA
Bocage
Que fio de ouro, que cabello ondado,
piolhos não creou, lendeas não teve?
Que raio de olhos blasonar se attreve,
que não foi de remelas mal tractado?
Que bocca se acha ou que nariz prezado
aonde monco ou escarro nunca esteve?
E de que tal crystal ou branca neve
não se viu seu besbelho visitado?
Que pappo de mais bella galhardia
que um dedo está do cu só dividido,
não mija e regra tem todos os mezes?
Si amor é tudo merda e porcaria,
e por este monturo andaes perdido,
cago no amor e em vós trezentas vezes.