SONETO DA CÓPULA ESCULPIDA
Bocage
Nesta, cuja memória esquece à Fama,
Feira, que de Santarém vem de ano em ano,
Jazia co'uma freira um franciscano;
Eram de barro os dois, de barro a cama:
Co'a mão, que à virgindade injúrias trama,
Pretendia o cabrão ferrar-lhe o pano;
Eis que um negro barrasco, um Frei Tutano
O espetáculo vê, que os rins lhe inflama:
"Irra! Vens me atiçar, gente danada!
Não basta a felpa dos buréis opacos,
Com que a carne rebelde anda ralada?"
"Fora, vis tentações, fora, velhacos!..."
Disse, e ao ríspido som de atroz patada
O escandaloso par converte em cacos.