SONETO AO PECADOR MORTO
Bocage
(Grafia original)
Morreu Bocage, sepultou-se em Gôa!
Chorai, moças venaes, chorai, pedantes,
O insulso estragador dos consoantes.
Que tantos tempos aturdiu Lisboa!
Por aventuras mil obteve a c′rôa
Que a fronte cinge dos heroes andantes;
Inda veio de climas tão distantes
Á toa vegetar, versar á toa:
Este que vês, com olhos macerados,
Não é Bocage, não, rei dos bregeiros.
São apenas seus olhos descarnados:
Fugiu do cemiterio aos companheiros;
Anda agora purgando seus peccados
Glosando aos cagaçaes pelos outeiros.