DIANA PRATEADA, ESQUECIDA
Soneto 137
Luís de Camões
Diana prateada, esclarecia
com a luz que do claro Febo ardente,
por ser de natureza transparente,
em si, como em espelho, reluzia.
Cem mil milhões de graças lhe influía,
quando me apareceu o excelente
raio de vosso aspecto, diferente
em graça e em amor do que soía.
Eu, vendo-me tão cheio de favores
e tão propinco a ser de todo vosso,
louvei a hora clara, e a noite escura,
pois nela destes cor a meus amores;
donde colijo claro que não posso
de dia para vós já ter ventura.