Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Literatura - Contos e Crônicas sexta, 26 de abril de 2024

SOLDADO RIBAMAR QUIQUIQUI (CRÔNICA DO LEITOR CAPITÃO CARLOS PEREIRA COSTA FILHO, BALSENSE)

 

 

Soldado Ribamar Quiquiqui

Carlos Pereira Costa Filho

dezembro 01, 2012

 

Fico observando as notícias sobre violência e cada vez mais me convenço de que lugar tranquilo mesmo era Balsas-MA, até o início dos anos 80.

Calma! Você também pode ter o seu lugar tranquilo. O meu era o balsinha de açúcar.

Quem viveu do início dos anos 80 às décadas mais remotas, há de concordar comigo sobre essa conclusão.

Naquela época, pelo menos a que me lembro, existia em Balsas uma pequena delegacia de polícia, cujo cargo de delegado era exercido por um sargento da gloriosa Polícia Militar do Estado do Maranhão. O Sargento João foi o primeiro de que me lembro e o segundo e muito mais atuante era o Sargento Soares.

Auxiliando o delegado nas tarefas, um pequeno efetivo de Soldados, dentre os quais se destacava o Soldado Ribamar, oriundo da antiga Guarda Municipal, bastante conhecido do povo balsense, principalmente pelo jeito peculiar de agir quando alguém era preso na Cadeia Pública. Era o Soldado "quiquiqui". Não estranhe. Soldado da gloriosa Polícia Militar do Maranhão, Ribamar era mais conhecido mesmo por um pequeno defeito que se tornava grande na hora em que ele falava. Era gago e sempre iniciava uma conversa com o bordão:

- Qui, qui, qui.....

Bom, o povo "du" Balsas não perdoa: mata. Mata de vergonha o camarada quando confere a ele um título por vezes constrangedor. O certo mesmo é que os balsenses conheciam o Soldado Ribamar Quiquiqui.

Quiquiqui era o elemento que cobria a retaguarda do pequeno efetivo da polícia militar quando conduzia alguém preso ao xadrez da cadeia conhecida por São Damião. Cobria a retaguarda afastando as crianças e os curiosos que, em procissão, acompanhavam o evento até chegar à delegacia.

Hoje, quando perco meu tempo ao assistir o Datena, com toda aquela enrolação possível ao narrar um fato interminável, me faz lembrar as vezes que acompanhei aquelas procissões formadas quando algum infrator era levado ao xadrez. Acompanhava com certa dificuldade, exatamente pelo trabalho eficiente do Soldado  Quiquiqui, que, andando de costas por todo o trajeto entre o fato e a cadeia, afastava a meninada, estendendo os braços, dizendo:

- "Me-menino, va-vai pra casa. I-i-isso não é coisa pra me-me-menino ver não. Sai, sai daqui".

Ribamar tinha razão! Na realidade, não era ele apenas um policial; era, por excelência, um educador. Desejava mais a tranquilidade do lar à violência das ruas.

Hoje, talvez se o Soldado Quiquiqui ainda estivesse na ativa, com certeza estaria batendo na porta de cada casa falando com seu modo peculiar de dizer:

- "Me-me-menino, desliga e-e-essa televisão aí. Vai.... pra rua brincar com os-os.... amigos, que-que... é bem melhor do que essa po-porcaria".

Neste humilde texto expresso publicamente o meu mais profundo respeito ao nosso Soldado Ribamar que fez da farda um jaleco de professor.

 


sexta, 26 de abril de 2024 as 10:26:19

Carlos Pereira da Costa Filho
disse:

A alegria que sinto neste momento ao ver publicada minha crônica na rede social do grande balsense Raimundo Floriano é enorme e nem mesmo saberia medi-la. Muito obrigado pela distinta consideração.


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