Outro dia, em setembro, travei um papo internético com alguns caminhantes amigos, um deles, quase agnóstico, me solicitando uma palavrinha sobre o Galileu que muito amo, a quem chamo de Homão da Galileia, Irmão Liberador.
Para início de conversa, encareci ao amigo Mariano que lesse um livro por mim lido há duas décadas, ainda plenamente atualizado, que muito favoreceria nossas reflexões recíprocas, via zapzap: JESUS, UM RETRATO DO HOMEM, A.N. Wilson, Rio de Janeiro, Ediouro, 2000, 304 p. Trata-se de um brilhante estudo, baseado em inúmeros textos da época, onde o autor até contesta algumas passagens dos Evangelhos, erradicando crendices e inserções feitas posteriormente, desfavorecendo a imagem do ser humano mais extraordinário de todos os tempos. Páginas que muito fazem diferenciar o Jesus da História e o Cristo da fé, dois seres amplamente diferenciados.
No livro, o autor Wilson, jornalista, escritor e biógrafo aplaudido mundialmente, resgata Jesus de um gigantesco emaranhado mitológico, enaltecendo um dos seres de mais poder e influência sobre a cultura ocidental. A partir de análises minuciosas, ele propõe novas versões sobre diversas passagens da vida do Nazareno, desde o seu nascimento em Belém, sua vida como carpinteiro, como agitador social, seu assassinato no madeiro como subversivo, incluindo teorias surpreendentes, inclusive sobre o papel desempenhado por Saulo de Tarso, o apóstolo Paulo, o São Paulo dos dias de agora.
Mesmo nada sabendo sobre vários aspectos do Galileu – que nada deixou escrito, que não há uma descrição física de como ele era, se era casado, como ressuscitou dos mortos e como efetivamente viveu após isso – Wilson nos mostra um Jesus mais real, favorecendo uma crença mais substanciosa em suas Mensagens inesquecíveis e até hoje insubstituíveis.
Nestes primeiros dias de uma nova temporada natalina, 2021, o mundo inteiro ainda temeroso das novas variantes do COVID-19, que exige cuidados preventivos e mil e outras cautelas, recomendaria leituras que atenuem ânsias e desesperanças, medos e pessimismos, ampliando convicções consistentes sobre os amanhãs planetários. Algumas sugestões, a ordem nada significando:
a. Um manual de textos histórico-analíticos curtos, excelentemente bem escritos por consagrados estudiosos, que pode ser lido como meditações ou para debates grupais ou familiares: JESUS, A ENCICLOPÉDIA, Joseph Doré (direção), Petrópolis RJ, Vozes, 2020, 834 p. O original em francês foi lançamento da Éditions Albin Michel, 2017, uma editora não confessional, que não está aliada a nenhuma igreja ou comunidade religiosa determinada, suas públicações sempre marcadas pelo sinal do pluralismo e da independência.
b. Para quem deseja obter maiores esclarecimentos sobre os Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João), refletindo-os a partir dos ensinamentos coordenados por Allan Kardec, páginas de um livro que deixou inúmeras lições de fraternidade: ELUCIDAÇÕES EVANGÉLICAS À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA, Antônio Luiz Sayão, 16ª. ed., Brasília, FEB, 2019, 475 p. Qual foi a intenção do autor (1829-1903)?: “um maior proveito, para a Humanidade, em substituir o fanatismo dos milagres, dogmas e mistérios por uma profunda promoção da verdade e exequibilidade dos ensinamentos de nosso Senhor Jesus Cristo.” Para esclarecimentos de todos aqueles gregos e troianos que anseiam por uma maior enxergância das lições deixadas pelo maior revolucionário de toda a história da humanidade.
c. Para quem faz muchocho diante de um manual de filosofia, páginas que elucidam uma expressão utilizada pela vez primeira por Leibniz, que muito batalhou para conduzir a dúvida final entre entre a ciência e a compreensão pela fé: A FILOSOFIA PERENE, Luiz Fernando Lobão Morais, Joinville SC, Clube de Autores, 2016, 344 p. Páginas que ilustram por que o questionar, criticar e o desconstruir saberes consolidados é função primordial da Filosofia em todos os tempos.
d. Um guia natalino para cristãos e não-cristãos: O EVANGELHO SEGUNDO JESUS, Stephen Mitchell, Rio de Janeiro, Imago, 1994, 316 p. Segundo o Los Angeles Times Magazine, “ao contrário de alguns estudos sobre Jesus que atolaram em exangues disputas acadêmicas, O Evangelho segundo Jesus é uma obra de coragem e sensibilidade.”
Desejo a todos os leitores fubânicos, uma temporada natalina de muita tranquilidade, vacinação completa, reflexões sadias e plano futuros consequentes, favorecendo a emersão de um planeta mais solidário, nunca negativista, sem sectarismos, isento de preconceitos e com amplo respeito para seus rios, mares e meios-ambientes, na emersão de um Humanismo Mundial mais condizente com as mensagens deixadas pelo Homão da Galileia, nosso Irmão Libertador.