SOBRE CAVALOS E SACRIFÍCIO
Robson José Calixto
Sei sobre cavalos.
Cavalos não sabem amar,
Sabem ser companheiros.
Não se dão totalmente,
Só amostras do que são realmente.
Cavalos não são domados, se entregam.
São obedientes e dóceis, enquanto quiserem.
Gostam de ser cavalgados e de cavalgar,
Se os soltamos, são o que puderem.
Sexo é mergulho,
Prazer inúmeros, continuado.
Sentem-se livres presos e
Presos querem ser livres
São assustados, fugidios
Sibilo pode ser trovão
Ou provocação.
Gostam de ser cuidados,
Têm dificuldades para cuidar,
Mesmo quando cuidam.
Em grupo podem ser individuais,
Entre indivíduos podem ser coletivos.
Olham como não olhassem,
Usam a força como beijassem.
Irmão são momentos,
Pai é ligação, mãe geração,
Vida é correr, viajar extensão.
Filhotes são tudo,
Pais podem ser passagem,
O tempo não é um continuum,
É mensagem.
Amigos para sempre
Inimigos também,
Mesmo quando não o são.
Têm ânsia de arrancar as raízes,
Que os prendem às origens.
Inseguros, belos, sensuais
Existem cavalos de água, de fogo, de metal,
De madeira, de terra
Não importa, radicais
A sentença erra.
Alguém é sacrificado
A verdade não serve,
Serve a interpretação,
E se afastam da essência,
Das partes que lhe dão sentido.
Preferem união sem felicidade,
Felicidade não é para cavalos,
Cavalos querem segurança,
E sendo o que são se perdem.
Querem amar na oportunidade,
Por um tempo,
Não o tempo todo,
Cavalos são cavalos,
Galopam, silenciam,
Amam na possibilidade.
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