Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Imprensa Diária domingo, 30 de agosto de 2020

SOBRE BUNDÕES

 

GUILHERME FIUZA

SOBRE BUNDÕES

Não é desejável uma relação hostil entre presidente da República e imprensa numa democracia. Bolsonaro formatou seu mandato para favorecer a proximidade com os jornalistas recebendo-os semanalmente — sem restrições — para cafés da manhã no palácio. Nem Lula nem FHC fizeram algo assim. Ao contrário, Lula não dava coletivas. Mas a estratégia foi desandando, com direito a provocações de parte a parte (Bolsonaro e imprensa) no cercadinho do Alvorada.

Após mais um episódio colocando em choque presidente e imprensa, Bolsonaro se referiu a parte dos jornalistas como “bundões”. Há algo errado aí, naturalmente, e não dá para topar essa descida ladeira abaixo no idioma em terreno que precisa de civilidade. E também é preciso verificar o contexto do qual provém o disparate presidencial.

Vamos à verificação de alguns elementos factuais desse contexto:

* Produção de reportagens insinuando que a eleição de Bolsonaro resultou de uma manipulação da votação por meio de um golpe no WhatsApp;

* Notícias associando o presidente da República com o assassinato de Marielle Franco a partir de falsos testemunhos;

* Reportagens no Brasil e no exterior insinuando em contrariedade com os fatos que o governo iniciado em 2019 bateu recordes de destruição da Amazônia seguindo diretrizes de crime ambiental;

* Especulações e pensatas na grande imprensa sobre um suposto golpe militar em articulação pelo presidente da República para o fechamento do regime, ignorando a reiteração pelo próprio presidente do seu compromisso incondicional com a democracia e a Constituição;

* Omissão deliberada da negociação democrática do governo com o Congresso em reformas cruciais como a da Previdência e produção de reportagens — inclusive em grandes veículos estrangeiros — sugerindo que o Brasil resiste ao domínio fascista graças a um “parlamentarismo branco”;

* Divulgação internacional de foto da primeira-dama fazendo tradução em libras com legenda transformando um dos gestos manuais dela em “continência militar”;

* Usar o vídeo de uma menina palmeirense acenando negativamente aos seus colegas de escola corintianos para dizer que ela estava se recusando a cumprimentar Bolsonaro;

* Tentar transformar o presidente numa pessoa insensível às vítimas da pandemia omitindo, inclusive, um ato oficial do governo em solidariedade aos mortos por covid-19;

* Plantar especulações e notas por mais de um ano e meio “noticiando” que Paulo Guedes, o principal ministro do governo, está deixando o cargo;

* Omitir o cumprimento de todas as metas no setor de infraestrutura para poder dizer que se trata de um governo inoperante;

* Transformar contingenciamento de verbas orçamentárias em corte fascista na educação (e silenciar quando essas mesmas verbas são liberadas);

* Espalhar fake news de que os Estados Unidos desistiram de indicar o Brasil para a OCDE para poder dizer que Bolsonaro é um capacho de Trump;

* Espalhar fake news de que o STF não retirou do governo federal o poder sobre as diretrizes de funcionamento da sociedade durante a pandemia;

* Escrever que manifestações de rua em apoio à agenda de reformas eram atos milicianos orquestrados pelo presidente contra a instituição do Congresso Nacional;

* Publicar que um remédio para tratamento da covid que divide a classe médica é curandeirismo, apenas porque o presidente encampou a recomendação dos médicos favoráveis a essa terapêutica;

* Silenciar sobre a violência de governadores e prefeitos contra cidadãos a pretexto de cumprir medidas sanitárias para fingir que o isolamento vertical com proteção dos vulneráveis é genocídio;

* Minimizar o Covidão e preservar vergonhosamente governadores e prefeitos que estão no centro da roubalheira porque eles são oposição ao governo federal;

* Silenciar sobre prisão arbitrária de jornalista em inquérito ilegal para fingir que isso é caçada a milícia fascista;

* Apoiar censura ditatorial do STF a plataformas de alcance internacional para se fingir de justiceiro contra o fascismo;

* Apoiar projeto de lei que finge combater fake news para instituir a mordaça nas redes sociais.

Vamos parar por aqui porque essa lista é interminável e você tem mais o que fazer. Vamos deixar só duas conclusões:

1. Nenhum presidente deve tratar a imprensa de forma rude;

2. Quem veiculou as fanfarras acima é bundão. No mínimo.

 


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