SOB O SIGNO DA BELEZA
Da Costa e Silva
No dia em que nasci, fadou-me Apolo
A uma vida de júbilos e penas;
De ânsias divinas e emoções terrenas;
E eu com este destino me consolo.
Fui pelas Musas embalado ao colo,
Aprendendo no trato das Camenas
A transformar em lírios e açucenas
Os cardos que me ferem pelo solo.
Tendo este dom que eleva e transfigura
Os aspectos do mundo, a alma resiste
Ao lodo da existência amarga e escura...
E esta alegria resignada e triste
É bem de quem no sonho acha a ventura,
Vendo a beleza em tudo quanto existe.