Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Imprensa Diária segunda, 28 de setembro de 2020

SÓ DA BOLSONARO

 

 

J.R. GUZZO

SÓ BOLSONARO

É um dos fenômenos mais curiosos que a vida pública brasileira tem para apresentar no presente momento. A vida passa, o mundo gira, o homem trabalha para montar uma colônia em Marte – e o Brasil, com seus 220 milhões de habitantes, 33 partidos diferentes e cerca de 65 mil cargos públicos preenchidos por meio de eleições livres, tem hoje um político só: o presidente Jair Bolsonaro. Não é que esteja isolado – é que não se fala de ninguém mais, e com isso ele acabou ficando sem concorrentes, ou sem concorrentes realmente capazes de concorrer a alguma coisa. Nenhum presidente da República, por mais importante que seja, e por mais pecados que cometa ou méritos que possa ter, merece tanta atenção desse jeito. Mas aí é que está: é o que temos no momento. Bolsonaro, mais Bolsonaro e só Bolsonaro.

O presidente deve a sua posição de Rei da Cocada Preta exclusivamente ao conjunto da obra de seus adversários políticos de todas as naturezas; foram eles, e ninguém mais, que o colocaram lá. É simples. Há mais de dois anos, antes mesmo de Bolsonaro entrar no Palácio do Planalto, concentram toda a sua energia, a sua atividade mental e o seu tempo em falar mal dele; não mudam de ideia e não mudam de assunto. É algo parecido ao que os clínicos de psiquiatria chamariam de “comportamento obsessivo”. Tudo bem, mas o resultado desse estilo de ação política é que não existe no momento ninguém dizendo à população o que, na prática, iria fazer de diferente do que o governo Bolsonaro tem feito desde a sua posse. E um candidato de verdade para substituí-lo nas próximas eleições presidenciais? Isso aí, então, nem pensar. Se os adversários colocam 100% dos seus esforços em dizer que o presidente é um horror, mas não têm nenhuma sugestão coerente sobre o que fazer a respeito, o que sobra, na vida política real, é Bolsonaro.

Não adianta nada, como a oposição faz o tempo todo, ficar dizendo: “Qualquer um, menos Bolsonaro”. É indispensável que esse “um” apareça; se não aparecer, ele continua jogando a partida sem a presença do outro time no campo. Também não se chega a lugar nenhum com a estratégia de colocar no presidente a culpa de tudo. Os 140 mil mortos da covid-19? Foi Bolsonaro quem matou. Incêndio no Pantanal? Desmatamento da Amazônia? Desemprego? Agrotóxicos? Culpa dele. É como nos tempos em que tudo, do ovo frito ao sistema solar, era “obra de Maluf” – quanto mais se fala, menos as pessoas realmente acreditam no que está sendo falado. O fato é que nunca o presidente apanhou tanto como hoje, e nunca a sua aprovação popular esteve tão alta – 40% dos brasileiros acham que o seu governo é ótimo ou bom, segundo a última pesquisa do Ibope. Pesquisas de opinião, como as salsichas, são coisas de conteúdo duvidoso; mas se são levadas a sério quando falam mal, a mesma regra deve valer quando falam bem.

Algo deve estar errado com o Brasil quando os grandes personagens do noticiário político são o senador Alcolumbre, o ministro Dias Toffoli e o apresentador de tevê Luciano Huck – ou quando a maior esperança dos adversários de Bolsonaro é que o STF invente uma gambiarra qualquer para resolver a sua vida. Não pode ser normal, ao mesmo tempo, que o nome mais citado como alternativa para o País seja um ex-presidente que foi condenado, e cumpriu pena de prisão, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro – em três instâncias e por nove magistrados diferentes, fora que tem outra condenação no lombo, já em segunda instância, e mais uma penca de processos pela frente. Quem quer um Brasil sem Bolsonaro tem de fazer melhor do que isso. Se não fizerem, as coisas vão continuar como estão.


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