Toda e qualquer análise sobre Rayssa Leal é exercício de cautela. Afinal, estamos falando de uma criança (ou adolescente, aos olhos da lei) de 13 anos. Mas é inevitável pensar na velocidade em que a skatista de Imperatriz, no Maranhão, caminha para se tornar um ídolo nacional. Após os Jogos Olímpicos, a modalidade saiu da bolha e assistir a fadinha se tornou um evento, uma experiência onde os torcedores se divertem no sofá de casa assim como ela dentro da pista.
Talvez a melhor parte de assistir a Rayssa seja pelo encantamento que ela causa. É um fenômeno de simplicidade e carisma misturado com talento. De acordo com o Twitter, ela foi a atleta olímpica mais citada na plataforma no mundo todo, sendo a única brasileira no top 5 da rede social e superando nomes como Simone Biles, da ginástica. Neste sábado, seu nome entrou entre os assuntos mais comentados durante a disputa da etapa de Salt Lake City da Street League.
Rayssa talvez seja quem melhor aproveitou a explosão do skate após a Olimpíada. Milhões de seguidores passaram a segui-la no Instagram, seus vídeos no TikTok se tornaram virais. No Twitter, todos querem ser chamados de tio ou tia por ela. Virou um xodó nacional.
Mas esse sucesso também está aliado ao seu talento dentro das pistas. Mesmo com apenas 13 anos, Rayssa é uma unanimidade do street feminino e divide com Pâmela Rosa — quando está fisicamente 100% — o posto de melhor brasileira (e uma das melhores do mundo) da atualidade. Vivemos em um país onde a cobrança por vitórias é algo cotidiano. Venceu, é craque. Perdeu, é ruim. A fadinha também parece ter conseguido furar essa bolha. O importante não são as vitórias, mas torcer por ela. Ganhar é consequência.
Afinal, trata-se de uma adolescente de 13 anos.
Rayssa causou um espanto natural com a forma em que ganhou o título da etapa da SLS. Ela precisava de um 8.3 para vencer. A maior nota da etapa tinha sido 7.2. Na última manobra, na última chance, emplacou um 8.5.
Assim como em outros esportes, o skate precisa muito de uma parte mental forte. Não a toa, a maioria dos skatistas costuma errar nas suas manobras decisivas. Não só porque naturalmente as manobras envolvem um maior grau de dificuldade, mas a execução é afetada pela pressão. Rayssa deu uma demonstração de como controlá-la.
Não se sabe como será o futuro de Rayssa, se vai ganhar medalha em Paris-2024 ou o quanto títulos conquistará na SLS. Talvez este não seja momento destas perguntas serem feitas. O importante é que ela, assim como nós, continuem se divertindo assistindo skate.
Porque talvez a palavra que melhor resuma Rayssa Leal seja diversão.