Às vezes sonho com saudades
de quem sequer conheci.
Ontem, foi de João Cabral
e de seus Severinos tantos,
todos magérrimos, todos famintos.
Era um cinema, era escuro.
Eu e ele na última fila.
Fim do filme,
Latifúndio dividido, nem largo nem fundo,
Vi escorregar uma lágrima do olho de João.
Choro que molhou
O punhado final da terra
Que jogavam sobre o homem,
A poeira última, o derradeiro pó.
Senti escorregar uma lágrima do meu olho.
Era escuro e não era um cinema.
Solidário, disse-lhe:
– Nada mudou!
As luzes do cinema não se acenderam