Crônica publicada no Facebook em 06/Jan/2018, inspirada no artigo BILL GATES E ZÉ CLÁUDIO, de José Paulo Cavalcanti, na Coluna PENSO, LOGO INSISTO deste JBF, em 28.12.201
Em lúcido e inteligente artigo, aliás, como é do seu feitio sempre fazê-lo, o eminente mestre de letras jurídicas e outras mais, Doutor Zé Paulo Cavalcanti, analisa os poucos pontos convergentes entre o incensado e milionário Bill Gates e o artista pernambucano José Cláudio. Um nasceu em Seattle e tem como mania juntar milhões de dólares. O outro, nascido mais perto, sob o sol de Ipojuca, não foi bafejado pela deusa da riqueza mas, em contrapartida, os deuses do talento afagaram-lhe a alma desde a mais tenra idade.
Bill mora numa mansão na cidade em que nasceu, arrodeado por 60 seguranças a proteger-lhe os passos e frustrando-lhe qualquer privacidade. Já o outro, o Pintor, se indagado, diz que mora por trás da casa de Abel. Que Abel? Sabe-se lá quem! O Severino americano não sabe pintar na mesma dimensão que o Pintor Zé não teve ‘talento’ para juntar tantos milhões. Mas algo em comum os dois tem: Quando recolhidos ao lar, nenhum deles usa sapatos. Nem camisa. Apenas um calção tão largo quanto indecente. E assim permanecem, ainda que recebam a mais ilustre visita.
Não que eu inveje o Bill das Américas, podre de rico, como se diz lá pelo Crato. Nem o seu dinheiro. Não posso invejar quem precisa de 60 seguranças para viver. A Zé Claudio, certamente, invejo: o seu talento e o modo de vida. A ambos, copio num detalhe: o calção frouxo, o sem-camisa e os pés descalços dentro de casa. Tudo livre como livre deve ser a vida de quem está de bem com ela. Só me falta saber pintar como Zé Cláudio e ter 60 seguranças para, com o maior prazer do mundo, dispensá-los, sem justa causa, pagar-lhes todos os direitos, vestir meu calção frouxo, tirar a camisa, descalçar os pés e viver a vida. Como gente. E ser feliz, como Zé Cláudio."