Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Estadão terça, 04 de maio de 2021

SÉRIE MOSTRA QUE ESCRAVIDÃO AINDA É UMA REALIDADE NO BRASIL

 

Série mostra que escravidão ainda é uma realidade no Brasil

Dirigida por Bruno Barreto, 'Escravidão – Século 21' estreia nesta terça (4) às 21h na HBO e HBO Go

Mariane Morisawa, ESPECIAL PARA O ESTADÃO 

04 de maio de 2021 | 05h00

Somente na semana passada, 11 pessoas foram libertadas em Abadiânia, arredores do Distrito Federal, porque cortavam eucalipto em uma fazenda em troca de abrigo e comida, e seis trabalhadores que faziam cercamento de gado foram resgatados em Novo Progresso, no Pará, vivendo em barracões sem condições sanitárias. Esses não são os únicos casos recentes. Só no mês de abril, outros 22 foram salvos em Ituverava, no interior de São Paulo, e 12 em Minas Gerais.

 

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Cena da série Escravidão - Século 21 Foto: HBO

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No dia 13, completam-se 133 anos da Abolição da Escravatura no Brasil, mas ela ainda persiste, só que com contornos diferentes. E é esse o tema da série em cinco episódios Escravidão – Século 21, que estreia nesta terça, 4, às 21h, na HBO e HBO Go, abordando temas como Cultura da EscravidãoEscravidão RuralDinâmica da EscravidãoEscravidão Globalizada e Sexo e Escravidão.

 

Foi Luiz Carlos Barreto, o Barretão, veterano produtor de A Hora e a Vez de Augusto Matraga Terra em Transe, entre outros clássicos do cinema nacional, quem sugeriu ao filho, o cineasta Bruno Barreto, a leitura de Pisando Fora da Própria Sombra: A Escravidão por Dívida no Brasil Contemporâneo, do padre Ricardo Rezende.

O pai achava que o filho poderia fazer um filme de ficção a partir da história de José Pereira Ferreira, um agricultor que foi forçado a trabalhar sem remuneração desde os 17 anos, no Pará. Ele fugiu e foi dado como morto depois de levar tiros dos funcionários da fazenda, mas conseguiu se recuperar e denunciar o dono da propriedade. Ferreira recebeu uma indenização do governo federal, que foi condenado de omissão pela Organização dos Estados Americanos (OEA). “Eu sou ficcionista”, disse Bruno Barreto, que divide a direção da série com Marcelo Santiago, em entrevista ao Estadão por videoconferência. Mas foi o mesmo Barretão quem sugeriu que, antes de um longa de ficção, ele fizesse uma série documental sobre os diversos tipos de trabalho escravo que existem em pleno 2021. 

Bruno Barreto teve certas dificuldades em lidar com o documentário. “Tenho problemas éticos. O documentário é uma farsa, porque finge que é a realidade, mas não é, porque você edita, enquadra. O espectador é levado a acreditar que é a realidade.” Por isso, decidiu que ia incluir encenações, como tinha visto na série The Jinx: The Life and Deaths of Robert Durst, coincidentemente também da HBO. “Minha intenção era que não ficasse chato ou didático. Queria que o espectador se envolvesse emocionalmente com essas histórias. Minha meta era emocionar sem manipular. E trata-se de uma linha muito tênue.” 

Impacto emocional. Marcelo Santiago contou com a ajuda do próprio padre Ricardo Rezende e do Ministério Público do Trabalho para escolher os personagens e convencê-los a participar da série. “A nossa maior dificuldade foi o impacto emocional”, explicou ele. Os depoimentos são difíceis de ouvir, e nota-se o trauma na voz de cada uma das vítimas. “A maioria acaba chorando, mas não é de maneira nenhuma autopiedade”, disse Bruno Barreto, emocionando-se. “É que, quando começam a contar, volta a dor. Eles choram por dor, não por piedade de si mesmo. São pessoas muito resilientes.” 

Para Barreto, o mais importante é justamente a condição humana e não a causa. “A causa tem de ser um subtexto. O que me interessa é a condição humana, os conflitos, os personagens.” José Pereira aparece no segundo episódio – e foi difícil encontrá-lo, pois ele vive escondido, com medo de represálias por ter denunciado seus antigos patrões. Mas Bruno Barreto ainda não desistiu de fazer uma ficção baseada em sua história. “É um roteiro pronto”, comenta o diretor. 

Além dos personagens, a série tem entrevistas de figuras como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o diplomata e ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim e o jornalista Leonardo Sakamoto, que dão um panorama da situação no Brasil. 

Segundo o Radar da Subsecretaria de Inspeção do Trabalho da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, 1.054 pessoas foram resgatadas de situações análogas à escravidão em 2019. Mas, no ano passado, houve uma redução de 40% na verba para o combate ao trabalho escravo. Para Bruno Barreto, a escravidão do século 21 pouco tem a ver com a do século 19. “Hoje, há escravidão no mundo inteiro. Não está resumida a um grupo ou etnia específica.”


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