Henry Fonda, Claudia Cardinale, Sergio Leone, Charles Bronson e Jason Robars no set de filmagem da obra-prima Era Uma Vez no Oeste
Nascido em Roma, Itália, em 03 de janeiro de 1929 e encantado em Roma, Itália, em 30 de abril de 1989, Sergio Leone teve uma carreira curta, mas extremamente profícua, legando-nos uma filmografia invejável que, dentre outras qualidades, revelou grandes artistas, como o desconhecido ator americano Clint Eastwood e o maestro italiano Ennio Morricone, que devem sua vitoriosa carreira a Leone que, basicamente consolidou, sozinho, uma subcategoria cinematográfica batizada carinhosamente de spaghetti western.
Filho de Vincenzo Leone, um dos pioneiros do cinema e de Edvige Valcarenghi, atriz do cinema mudo, Sergio Leone nasceu no seio da Sétima Arte e ainda teve a oportunidade de estudar na escola, durante um tempo, com ninguém menos do que Ennio Morricone com quem faria uma inesquecível parceria. Assim, já com 18 anos, o futuro diretor de “Era Uma Vez no Oeste” começou a trabalhar com cinema, largando a faculdade de Direito e se tornando assistente do lendário Vittorio de Sica quando este filmava o clássico “Ladrões de Bicicletas”, em 1948. Melhor professor ele não poderia ter!
Sua carreira na Cinecittà, famoso estúdio italiano, lar de nomes como o do mestre Federico Fellini e então centro das atenções das produções audiovisuais épicas americanas, o levou a trabalhar em produções do gênero “espada e sandálias”, como “Quo Vadis” e “Ben-Hur,” tendo inclusive a oportunidade de escrever alguns roteiros menores. Em 1959, durante o final das filmagens de “Os Últimos Dias de Pompeia”, Mario Bonnard, o diretor, ficou doente e Sergio Leone teve a oportunidade, com trinta anos, de sentar na cadeira de diretor, apesar de nunca ter recebido créditos na tela pelo trabalho.
Em 1964 o genial diretor Sergio Leone transpôs o clássico de Akira Kurosawa, Yojimbo, para o oeste selvagem e lançou, com “Por Um Punhado de Dólares,” primeiro filme da consagrada Trilogia dos Dólares, os fundamentos do subgênero spaghetti western. Leone, na direção, Clint Eastwood, um ator americano na época de segunda e cuja popularidade devia-se apenas a um enlatado de TV, a série da CBS Rawhide, e a trilha de Ennio Morricone. Com Leone, o western spaghetti virou ópera, porque ele adorava os planos próximos, na cara dos atores. Para criar tensão, estendia a duração da cena e utilizava a música como personagem suspense.
Seu personagem marcante é o “Homem sem Nome”, nem de longe um herói. No geral, um caçador de recompensas. Foi assim que Clint Eastwood atravessou “Por Um Punhado de Dólares”, “Por Uns Dólares a Mais” e “Três Homens em Conflito”, virando astro consagrado. Em 1968, com a obra-prima “Era Uma Vez no Oeste”, Leone fez a súmula do seu spaghetti western.
Na década seguinte, em 1971, Sergio Leone dirigiu o filme mais político e violento de sua carreira e o menos compreendido pela crítica e público, situado na fase mais brutal da Revolução Mexicana: “Quando Explode a Vingança”, que ele queria apenas produzir, mas acabou dirigindo por se desentender com o então diretor Sam Peckinpah. Em seguida, ele partiu apenas para a carreira de produtor, ocasionalmente voltando à direção parcial, especificamente em duas direções não tendo seu nome creditado: “Meu Nome é Ninguém” e “Trinitty e Seus Companheiros.”
Somente treze anos depois de dirigir seu último filme completo, Sergio Leone encerraria sua carreira cinematográfica em 1984, com uma das melhores obras de gângster já produzida na história do cinema – “Era Uma Vez na América” – e isso depois de recusar a direção de nada menos do que “O Poderoso Chefão.” Acontece que “Era Uma Vez na América,” que originalmente tinha quatro horas de duração, foi selvagemente cortado pelo estúdio e, além disso, foi mal recebido pelo público. Isso deixou Leone desgostoso, o que acabou afastando-o de Hollywood.
Um ataque cardíaco, em 1989, levou esse genial diretor provavelmente para uma planície desértica, cercada de homens barbados de olhos azuis penetrantes, tipo o matador de ERA UMA VEZ NO OESTE, mulheres lindas, poeira e música de fundo com vozes e gaitas. Um lugar que certamente ele ajudou a criar e onde sempre se sentiu muito bem!
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O cineasta que ousou reinventar o faroeste americano na Itália e o pau da crítica arrogante